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Aposentadoria : nunca é cedo para se pensar

Posted: 18 de julho de 2008 às 6:10 pm   /   by   /   comments (0)

Por Juliana Fukuyama Ataíde*

Para a sociedade trabalhar significa ser alguém no mundo, significa “fazer diferença”, participar das trocas sociais. Durante muito tempo falar de aposentadoria era fazer com que indivíduo se projetasse para uma posição de mero espectador da sociedade, estar aposentado era o mesmo que estar “inativo”, o que acabava afetando a auto-estima de uma pessoa.

Se analisarmos veremos que no sistema capitalista o cotidiano de um indivíduo gira em torno do trabalho, que por sua vez é o responsável por distribuir os papéis dentro da sociedade e estabelecer o roteiro da maior parte da vida de um cidadão, pois esta gira em torno dele. A partir do momento que este cidadão rompe com esta rotina a sensação que ele tem é a de que o chão desaparece sob seus pés.

Estudos recentes revelam que na aposentadoria aumentam os casos de depressão e doenças cardiovasculares, pois o indivíduo torna-se uma pessoa ociosa e sem objetivos, além também de ver uma mudança no seu status social, isso tudo leva a uma mudança de hábitos que prejudica ainda mais a saúde.

Ao se aposentar o indivíduo também acaba passando por situações de stress, porém diferentes daquelas da vida profissional, mas que também afetam a vida afetiva do aposentado. Tudo está relacionado ao vínculo criado entre a sua vida social e a sua vida profissional, quanto maior este vínculo maior será a conseqüência sofrida, daí a importância de haver um equilíbrio entre as duas. A aposentadoria deve ser planejada durante toda vida profissional de uma pessoa e não apenas às vésperas.

Nas últimas décadas, o rápido avanço tecnológico e a elevação da expectativa de vida, fizeram com que as pessoas começassem a considerar as implicações de uma sociedade em que vive-se mais e com mais saúde. Indivíduos idosos estão cada vez mais interessados em permanecer membros produtivos na sociedade muito além da idade da aposentadoria. Sabe-se também que a aposentadoria vem ocorrendo entre pessoas cada vez mais jovens, e deste modo não se justifica dizer que estão incapacitados para o trabalho e devem se aposentar.

Por que não ver a aposentadoria como uma transição que envolve uma reorganização, redefinição e mudança nos papéis sociais exercidos pelo indivíduo?

Não podemos associar “atividade produtiva” unicamente ao trabalho. Atividades produtivas podem ser todas aquelas que levam o homem ao próprio crescimento ou ao crescimento dos que o rodeiam, o que pode ser alcançado através do trabalho propriamente dito, do lazer, da convivência familiar, de atividades comunitárias.

Buscar novas experiências é uma alternativa que está em alta entre os aposentados, até por indicação médica, como por exemplo aderir aos trabalhos voluntários, se matricular em cursos superiores para terceira idade, e desenvolver atividades culturais em centros comunitários. Todas estas ações impedem que a mente esteja ociosa e dificulta o desencadear para doenças, o importante é não se isolar do mundo, e sim continuar ativo.

A preparação para a aposentadoria deve fazer parte de um projeto de vida do indivíduo, seja ela compulsória ou voluntária, é importante reconhecer a necessidade de cada caso, sempre objetivando a qualidade de vida de aposentado, e desmistificando a figura daquele sujeito marginalizado pela sociedade.

*A autora é coordenadora do grupo de orientadores profissionais do Dicas Profissionais.