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Brasil, terra de Empreendedores

Posted: 28 de outubro de 2014 às 8:05 am   /   by   /   comments (0)

Karen de Andrade Fukuyama Martins*

Se há um tema que é apaixonante e intrigante ao mesmo tempo é o Empreendedorismo. Não é por acaso que escolhi esse assunto para dedicar mais a minha atenção durante o curso de extensão “Agenda Brasil” que foi ministrado durante o período entre março e setembro deste ano (2014) pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP.

O título diz bem, o brasileiro respira Empreendedorismo. É notável a sua aspiração por empreendedorismo: 76% deles preferiria ter um negócio próprio a ser empregado ou funcionário de terceiros. Isso faz com que o Brasil se coloque como a segunda maior taxa de Empreendedores do mundo, somente atrás da Turquia, conforme dado de recente pesquisa realizada em 2012 e divulgada em 2013 pela ONG internacional Endeavor Brasil (¹).

Essa alta taxa de interesse do brasileiro pode estar vinculada a vários fatores.

A começar pelo seu perfil: o empreendedor brasileiro tem média de 36 anos, é casado, tem um grau de escolaridade superior ao ensino médio. Essa característica pode atribuir-lhe o perfil de alguém com uma situação emocional e profissional mais estável, que já sabe o que quer para si e, até por já ter tido alguma experiência anterior em gerência de algum segmento de trabalho.

Pessoas assim sabem melhor como investir o seu conhecimento, experiência, tempo, esforço, e porque não, o seu recurso financeiro em algum projeto que vislumbrem como oportunidade de negócio e que lhes tragam satisfação e realização profissional e pessoal.

Soma-se tudo isso a uma condição de mercado de trabalho que não se mostra tão atrativo para esses profissionais, seja em termos de benefícios, aqui se inclui a remuneração, seja em termos de satisfação pessoal, é outro grande motivo para a existência de tanta gente se tornar empreendedora.

Mas, é preciso cautela. Ser um Empreendedor exige muitos cuidados, senão todos seus sonhos irão por “água abaixo”. É bom lembrar ainda uma outra pesquisa realizada e divulgada ainda no começo de 2014 pela Fundação Dom Cabral(²), a qual revelou que 25% das empresas morrem no primeiro ano de vida. E mais, 40% delas morrem antes do quarto ano e, para finalizar, 75% delas encerram atividades antes do seu décimo terceiro ano de vida.

Essa alta taxa de mortalidade de empresas sugere que para ser Empreendedor é preciso competência. O profissional empreendedor precisa se capacitar, e se manter atualizado, para se dar bem no gerenciamento do negócio e precisa estar comprometido, ou seja, o Empreendedor precisa “colocar a mão na massa”, uma vez que nem sempre pode contar com grandes estruturas humanas e financeiras para tocar o negócio. Ser Empreendedor exige ter audácia para arriscar-se em busca das suas metas. Isso significa que nem um ótimo aporte inicial no novo negócio poderá livrá-lo do fracasso.

Yama Educacional, um exemplo de Empreendedorismo iniciado há mais de 15 anos.

Por ser eu um fruto de um ambiente de Empreendedorismo, vindo de uma família Empreendedora por natureza, optei por coletar e publicar abaixo o testemunho de um dos fundadores da empresa Yama Educacional, Nelson Fukuyama, que vem se dedicando a produção de conteúdo educacional durante os últimos 15 anos, através da internet.

Nelson, como foi o passo inicial na criação da Yama Educacional?

Nelson: Nós começamos na internet em 1998, quando o Cristiano Fukuyama sugeriu criar um portal para estudantes do ensino médio que estavam buscando uma vaga em uma universidade, o portal sejabixo! (www.sejabixo.com.br). A experiência dele e da sua irmã Juliana que também já cursava uma universidade foi decisiva. Portanto, procuramos focar o nosso trabalho em trazer informações que ajudassem outras pessoas. Esse trabalho vem sendo aprimorado e após 15 anos já temos mais de 25 milhões de pessoas orientadas através do nosso serviço.

Foi difícil dar os primeiros passos nessa empreitada?

Nelson: Nós começamos sem recursos financeiros e sem estrutura, contávamos apenas com os pequenos recursos da família. Assim, começamos a contatar possíveis investidores, indo a reuniões de negócios. Foi importantíssimo ter em mãos um plano de negócios bem estruturado para mostrar aos investidores. Foram muitos contatos e muitas reuniões que, infelizmente não levaram a nada, até por conta da “bolha da internet” que “estourou” bem no começo das nossas atividades.

Como se deu o crescimento e sedimentação do trabalho?

Nelson: Tivemos o privilégio de ter tido contato com as universidades de ponta de São Paulo e assim conseguimos o que poderíamos chamar de “carimbo de credibilidade” pelas suas recomendações. Com isso conseguimos também formar parcerias para fornecer nosso conteúdo para alguns grande portais ( a AOL, por exemplo, nos convidou para seremos o “anchor tennant” de vestibular) o que nos garantiu visibilidade e audiência. A partir daí, mantivemos um trabalho de corpo-a-corpo com instituições de todo o País para venda de espaços publicitários, visando a divulgação dos vestibulares em nosso portal. Foram muitas horas de contatos, de telefonemas, de envios de propostas, de negociações até ter um primeiro anunciante. Não era (e ainda não é) fácil “vender” um espaço virtual. As instituições ainda não estavam acostumadas a esse formato. Mas, depois de tantos anos, estamos orgulhosos de ter o canal na internet mais procurado pelas instituições.

Como é trabalhar sem uma grande estrutura e recursos?

Nelson: Quem começa a empreender tem que ter “por a mão na massa”, não pode ficar esperando ter recursos financeiros e pessoais para então fazer alguma coisa. É preciso investir dinheiro da própria renda para adquirir equipamentos, contratar pessoas e assim por diante. Sem recursos financeiros você tem que se adaptar, trabalhar em sua casa, fazer reuniões em um café ou praça de alimentação, não ter horário de trabalho, e outros “sacrifícios”.

A Yama manteve apenas o portal sejabixo! ou desenvolveu outros trabalhos?

Nelson: Como toda empresa, a Yama precisou diversificar o seu trabalho para poder sobreviver, sem perder o foco que é a produção de conteúdo educacional. Hoje temos também o portal Dicas Profissionais www.dicasprofissionais.com.br que produz conteúdo para quem está buscando uma vaga no mercado de trabalho ou para aqueles profissionais que querem manter a sua vaga. Temos ainda uma plataforma de produção de atividades a distância, a qual usamos para produzir atividades de treinamento a distância e ainda para produção de cursos online. Essa mesma plataforma está sendo usada para a produção de eventos a distância Em 2013 produzimos o Dicas Profissionais Highlights que possibilitou criar em um mesmo local virtual uma área de Expositores e um Auditório, onde expusemos 09 palestras gravadas com profissionais de referência no mercado nacional tratando de um tema muito oportuno: a Empregabilidade.

Mas, quais são os projetos da Yama?

Nelson: Como somos perseverantes e admiradores da obra em estado da arte, certamente vamos continuar buscando ampliar o nosso campo de trabalho, mantendo a mesma qualidade atual. No momento, por exemplo, estamos negociando diversas parcerias para a produção de cursos online.

Qual a sua recomendação para quem quer se tornar um Empreendedor?

Nelson: Penso que o Empreendedor não deve ter medo de desafios. Muitas vezes temos um sonho que pode ajudar outras pessoas e não levamos adiante por medo de expor a ideia e sofrer comentários de outras pessoas ou ainda, como disse antes, não ter recurso para levar essa ideia adiante. Não deixe passar o momento, vá em busca de seus ideiais. A recompensa virá, com certeza.

*Karen Fukuyama é Sócia Diretora da Yama Educacional e Jornalista responsável pelos portais DicasProfissionais e Sejabixo!. Esta matéria foi preparada como conclusão do curso Agenda Brasil 2014 promovido pela Fundação Armando Álvares Penteado-FAAP.

FONTES: