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Carreira: Manual do Proprietário

como ser mais organizado
Posted: 11 de novembro de 2014 às 6:59 am   /   by   /   comments (0)

Edson Carli*

Ao longo de nossas vidas adquirimos uma série de bens e valores que constituem nosso patrimônio e nossa estabilidade, alguns destes bens que também chamamos de ativos, são intangíveis não possuindo forma física e são construídos ao longo de nossa vida. Alguns deles são simples de identificar, como por exemplo, a nossa rede de relacionamentos ou como chamam os tecnochatos, nosso networking.

Outros, um tanto mais delicados são formados desde nossa infância e às vezes nem nos damos conta de como eles toma forma e são nossas crenças e valores. Originalmente, estes são bem parecidos, pois constituem coisas que acreditamos ser corretas. Uma crença vira um valor quando ela é colocada á prova e se confirma. Por exemplo, várias pessoas que conheço têm como valor pessoal a ética. Infelizmente, estas mesmas pessoas compram produtos de procedência duvidosa, toleram um filho fazendo download de conteúdo não autorizado e outros pecados “menores” e cotidianos, mas que na prática, são violações éticas fundamentais.

Estas pessoas possuem a crença em um mundo ético, mas não tem a ética como valor, pois quando esta crença foi colocada à prova ela falhou.

Profissionalmente, temos um ativo intangível de valor inestimável e que nos torna únicos perante nossos concorrentes e perante o mercado em geral. Ele é constituído da nossa história profissional, nossos sucessos, nossos fracassos e, sobretudo pelo resultado das nossas escolhas. A nossa carreira.

Diferentemente de crenças e valores que vamos adquirindo ao longo do tempo, em nossa carreira não é feita somente de consequências. Ela também é feita de decisões e de estratégia e aqui a conversa muda de rumo e iniciamos uma discussão sobre a propriedade e a responsabilidade sobre a sua carreira.

Quantas pessoas você conhece que possuem emprego e não carreira?

É incrivelmente comum como as pessoas ao ingressarem em empresas, principalmente as grandes, colocam sua ascensão profissional e seu progresso nas mãos das empresas que os contrataram, liberando-se completamente da responsabilidade sobre aquilo que estão criando. De maneira geral estas pessoas acreditam que cabe a empresa unicamente desenhar o plano de carreira, investir no desenvolvimento do profissional, reconhecer tanto o resultado como somente o esforço e obviamente, gerar oportunidades de promoção e crescimento.

Não faz muito tempo que existiam no mercado grandes empresas com políticas de “promoção por tempo de serviço” colocando pessoas em cargo de liderança simplesmente porque estas estavam há mais tempo na empresa e não porque tinham mérito para tanto. Situações como estas criaram entre muitos profissionais a vitimização do processo sobre a qual continuam esperando que a grande mãe empresa cuide de suas carreiras.

Bem, o mercado mudou, as exigências aumentaram e principalmente a relação entre capital e trabalho mudou. Hoje as empresas valorizam muito mais o conjunto de competências de um indivíduo do que sua capacidade pura e simples de executar tarefas. Estamos na era da empregabilidade onde hoje um profissional pode estar desenvolvendo um trabalho em uma área de meio, amanhã ele é alocado em um projeto de mudança de plataforma tecnológica e no ano seguinte, pode estar em outro país dando início a um novo modelo de negócios.

Cabe a cada um de nós tratarmos sua carreira como ela realmente é um patrimônio pessoal, que deve ser projetado, desenvolvido, enriquecido e mantido, pois ao final das contas, este será o valor que o mercado de trabalho irá reconhecer e pagar por ele.

Uma ex-colega e grande amiga me contou que anos atrás fez um projeto de orientação de carreira para um banco estrangeiro e este projeto por coincidência chamava-se “carregando a própria pasta”. Nada mais direto e ilustrativo. Nossa carreira é como uma pasta destes em que guardamos folhas soltas.

Cada experiência, projeto, decisão e investimento acabam fazendo parte deste portfólio e é com ela que nos apresentamos ao mercado.

Em meu livro “Autogestão de Carreira, você no comando da sua vida”, os leitores aprendem de maneira prática como construir uma carreira de sucesso, hora aproveitando as oportunidades que aparecem, hora gerando oportunidades onde elas não existem de forma a construir este patrimônio pedrinha por pedrinha, acordo por acordo sempre reconhecendo que somos produtos à venda em um mercado competitivo e que nele existem dois tipos de pessoas, aqueles que abriram mão do direito de construir seu patrimônio e vivem lamentando que seu valor não seja reconhecido e outro tanto de pessoas que reconhece seu valor e cria as mais distintas formas de obter ganhos com eles.

Se sua carreira tivesse um manual de proprietário assim como seu veículo ou televisão, ele certamente teria alguns destes capítulos:
– Quem é você.
– O que você faz de melhor.
– O que você faz por prazer.
– Como você pode transforma isto em ganhos.
– Com quem você se relaciona profissionalmente.
– O que eles valorizam.
– Como associar o que você faz de melhor com as expectativas destes.
– e, por fim, como crescer profissionalmente mantendo a felicidade.

Pense nisto, ainda dá tempo de construir uma bela carreira associada com seus valores e sua identidade. Se você achar que está velho demais para isto, lembre que a maior empresa de televisão do Brasil foi fundada por um homem que na época tinha sessenta anos.

*Edson Carli – é Coach e Consultor de Carreira.