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Como enfrentar a demissão no trabalho

Posted: 30 de julho de 2009 às 1:09 pm   /   by   /   comments (0)

*Por Nelson Fukuyama

Um dia desses, ouvindo uma pessoa falar que tinha sido demitida de uma organização, fiquei pensando sobre a forma como uma pessoa é demitida de uma empresa, não só nos dias de hoje mas que, de maneira geral, sempre foi um procedimento.

Falar ou ouvir a famosa frase: “”Você está demitido!”” não é um processo tão fácil como se pode pensar. São apenas três palavras que pesam muito na vida das pessoas que tomam a decisão ou que sofrem por causa dessa decisão.

Eu acho que a maior dificuldade é o lado humano, de quem que vai ter que informar a decisão e de outro lado a pessoa, também ser humano, que vai ser informado da decisão. Eu fiz questão de enfatizar que nesse processo há dois seres humanos.

Até chegar à decisão de demitir, o ser humano responsável terá que tomar todas as precauções de conhecer os motivos que levaram a pessoa a ser demitida, de planejar o modo e ocasião para informar o envolvido, e nas conseqüências que poderão vir da tomada de decisão tanto para o lado da sua organização quanto para o lado da pessoa e da família do demitido.

Alguns tornam esse processo bem facilitado, de forma mecânica, friamente, sem se preocupar com o ser humano que está no processo. Se alguém precisa ser demitido, o problema é dele. Certamente não atendeu às expectativas da organização, falhou em algum processo e deve mesmo ser demitido, para pagar todos seus erros.

Para quem pensa assim as coisas são bem fáceis. Esses procuram demitir a pessoa num finalzinho de tarde de uma sexta-feira, comunicando que ela está sendo demitida, explica algum motivo, pede para a pessoa assinar um documento de demissão e que ela volte dentro de alguns dias para os acertos finais. E passar bem! Assim fica mais fácil para se livrar do “”abacaxi””. No final de semana o demitido terá tempo de se recuperar de algum ressentimento.

Há aqueles que têm uma “”grande preocupação”” em não machucar a pessoa demitida pessoalmente. E para isso preferem fazer a demissão por carta, por telegrama ou por email. A gente sabe de casos de demissão por telefone.

E têm aqueles que são mais sádicos. Nesses casos, essas pessoas costumam dizer que além de demitir certas pessoas têm que tripudiar do demitido, dizendo algumas palavrinhas que a deixem mais arrasadas. A pessoa tem que sair da organização sabendo que ela está perdendo uma grande chance na sua vida profissional, porque aquela organização é sim a melhor do mundo para se trabalhar. Eu tive uma experiência assim, aliás na única demissão de minha vida profissional. Depois de comunicado da minha demissão, ouvi “”agora você poderá procurar outra empresa onde você possa aplicar toda a sua experiência””. No meu caso, e não sei se estou enganado, mas tive a impressão de que ele estava agindo assim pelo fato de que eu havia dito a ele, alguns meses antes, que eu ficaria na empresa por mais um período e talvez isso o tenha levado a dizer essas palavras de desforra.

Entre palavras gentis, abraços, desejos de boa sorte dos colegas de trabalho, lá está o ser humano demitido, largado para enfrentar a realidade de como enfrentar a esposa e os filhos, de como enfrentar o novo momento de sua vida para se sustentar e para se preparar para uma nova oportunidade no mercado de trabalho.

Que haja motivos para uma demissão – nos dias de hoje há muitos, devido à rotatividade no mercado provocado por processos de ajustes estratégicos das empresas – dentre as palavras de incentivo que muitos ouvem podem estar aquelas que lembram que deixar uma organização nem sempre significa que a gente só tinha aquela empresa para trabalhar. Eu ouvi umas palavras assim quando sai de uma empresa de consultoria mundial. Alguns superiores comentaram que eu não deveria ficar triste por ter que ir para uma empresa de menor porte porque afinal, entre vários exemplos, um ministro de destaque naquela época (e ainda é) havia trabalhado naquela empresa.

Como eu procurei dizer em todo o texto, é preciso de superar e continuar a vida. Para quem está responsável pelo processo de demissão, eu penso que há formas e formas de se proceder. Para quem é demitido, é bom pensar que qualquer que seja o motivo (justo ou injusto) da saída de uma organização, de pequeno ou grande porte, haverá uma nova chance de abrir caminho para outras grandes oportunidades no mercado de trabalho. Lembrando do futebol, um jogador pode ser o salvador do time numa partida como o responsável pela derrota em outra, fazendo um gol contra.

 

Nelson Fukuyama é Editor Chefe do portal Dicas Profissionais, Diretor da Yama Educacional, com experiências em diversas empresas multinacionais e nacionais.