Como enfrentar um PDV – Plano de Demissão Voluntária

Nelson Fukuyama*

Especialmente nesses momentos de virada de ano, é comum as empresas apresentarem um PDV para os seus colaboradores. Mas o que é o PDV? Alguns chamam de Plano de Desligamento Voluntário, e outros, como nós, trataremos aqui como Plano de Demissão Voluntária, que acontece quando uma empresa oferece a oportunidade para os seus colaboradores de aderirem a uma proposta para se desligarem voluntariamente mediante, claro, a oferta de um pacote de benefícios.

A diretoria avalia o momento pelo qual a empresa está passando, e considerando as condições de mercado em que atua, toma a decisão de reduzir alguns custos durante um período de tempo e o PDV é uma das ferramentas usadas. Mas implementar um PDV não é um processo fácil, assim como a decisão a ser tomada por quem dele participa.

A começar pela diretoria. Todos os envolvidos sabem que é uma decisão que envolve não só os colaboradores, mas a todos os seus eventuais dependentes. Muitas vezes há uma grande angústia em saber que será necessário eliminar gente de seus quadros.

Uma vez decidido o PDV, é hora de os responsáveis por cada área da empresa fazerem a sua implementação, o que não será nada fácil. Muitos departamentos são orientados a demitir um determinado percentual de seus colaboradores, não importando a sua remuneração, o tempo de trabalho e nem o seu nível hierárquico. “Simplesmente demita” é a ordem. Mas, como demitir colegas de trabalho que são importantes em determinado processo de fabricação ou de produção de determinado produto ou serviço, ou ainda, que são os responsáveis pela renda de suas famílias?

Mas, sem dúvida, a parte mais sensitiva de um PDV é o colaborador da empresa, ou seja, o funcionário. A este cabe a alternativa de aderir ou não ao PDV e para tanto ele tem que avaliar todo o impacto de sua decisão.

Como o PDV pode surgir na sua vida, vale a pena considerar alguns pontos que poderão ajudar na sua decisão:

1. Vale a pena aderir a um PDV?
Um PDV pode ser uma grande oportunidade de se desligar de uma empresa na qual você não esteja se sentindo satisfeito com o seu desempenho ou vice-versa, ou seja, se você estiver se sentindo sem condições ideais para continuar ali. É aceitar de pronto e aproveitar os benefícios.

2. Será que vale a pena aceitar os benefícios em salário de um PDV?
Se uma empresa está oferecendo, por exemplo, 05 salários integrais adicionais para quem aderir ao PDV, você deve avaliar o impacto que esse montante terá em sua vida no futuro próximo. Eu explico. Se você depende exclusivamente do salário dessa empresa, verifique se esse montante será suficiente para cobrir todos os seus compromissos pessoais por determinado tempo.

3. E quanto aos benefícios, como plano de saúde, oferecidos pela empresa?
É um assunto que merece atenção. Imagine, por exemplo, que a empresa tenha um plano de saúde extensivo aos seus familiares. Para tomar uma decisão você deve avaliar se os benefícios do PDV oferecidos pela empresa cobrirão as necessidades por um determinado tempo até que você consiga se estabilizar a sua situação, seja conseguindo um emprego em outra empresa que te ofereça condições melhores ou pelo menos iguais às do plano atual.

4. E se a empresa oferecer uma redução de salários em seu PDV?
Nesse caso, você poderá também considerar o impacto dessa redução salarial em sua vida tendo em vista os seus compromissos pessoais como prestações de casa própria, carro, mensalidades escolares suas ou de familiares, gastos com alimentação e demais.

5. E, poderei sofrer algum tipo de pressão ou retaliação se eu não aderir a um PDV?
De maneira geral a empresa não poderá fazer nenhum tipo de pressão ou retaliação porque você resolveu não aderir a um PDV. Mas, tenha a certeza de que ela ficará bastante frustrada se você for um péssimo colaborador e não aderir ao plano que ela está oferecendo.

Bom, é bom dizer que eu tive a oportunidade de vivenciar PDV’s em diferentes estágios de minha carreira profissional. Nunca aderi a algum deles, talvez porque, de uma forma ou de outra eu fosse parte importante para as empresas naquelas ocasiões, mas tenha a certeza de que eu avaliei sim as condições que eram ofertadas, fazendo as mesmas perguntas que descrevi acima. Espero que elas sejam úteis para você em algum momento.

*Nelson Fukuyama é Colunista e Editor-Chefe do portal Dicas Profissionais, Diretor da Yama Educacional, Colunista dos portais Carreira&Sucesso da Catho Online e Revista Atitude Empreendedora, Palestrante do Dicas Profissionais Highlights 2013. Sua trajetória profissional inclui experiências que vão de trainee de consultoria a executivo de alto nível em empresas nacionais e multinacionais.