Crise abre oportunidade para guinada de carreira

Thais Roque*

Em tempos de corte de custos e demissões, muitos profissionais entendem que a crise abre oportunidade para guinada de carreira e ajuda a buscar a sua real vocação.

Aquilo que as faz feliz, além de garantir o sustento da família. Em geral, as pessoas associam trabalho a sofrimento, ganhar dinheiro às dificuldades diárias, e são infelizes. Quando são demitidas e precisam dar a volta por cima, param e pensam no que gostam, em como poderiam ganhar dinheiro e descobrem outros caminhos.

Cito dois exemplos interessantes de gente que mudou radicalmente de área e se encontrou.

Depois que o marido perdeu o emprego e não encontrava outro por causa da idade, uma dona de casa de São Paulo passou a fazer doces e quitutes por encomenda. Fazer doces foi primeiro um bico, algo emergencial, e agora ela já atua de maneira mais profissionalizada, graças à demanda crescente. O outro exemplo de guinada por causa da crise é um jovem executivo de multinacional, apaixonado por futebol que, depois de ser mandado embora, lançou um site para reunir peladeiros e formar times para jogar.

De um hobby nasce uma carreira, o cérebro reaprende e caem por terra as crenças de que é privilégio viver de um dom ou amar o que fazemos. Pesquisas internacionais revelam que apenas 13% das pessoas se consideram felizes no trabalho.

O brasileiro de maneira geral não se planeja para a vida profissional. A escolha da carreira acontece em um momento de grande pressão. Buscando ser aceito, o jovem, muitas vezes, escolhe a carreira que é considerada pelo mercado como ‘correta’ ou ‘promissora’, não se atentando às suas habilidades, dons e talentos. Com isso, acaba não tendo um objetivo de longo prazo a ser alcançado, não construindo projetos, tampouco alinhando sonhos e ambições. O profissional pouco se conhece, não sabe seu valor e pode acabar sentindo que só merece reconhecimento quando está associado a uma empresa de renome ou a um cargo, do contrário não vê valor em si mesmo.

Quando esta pessoa perde o emprego, se não tiver ajuda profissional, corre o risco de ficar deprimida, envergonhada e ter ainda mais dificuldade de se recolocar profissionalmente. O ideal, portanto, é que este processo de busca de si mesmo comece antes de uma demissão.

A guinada profissional diante da perda do emprego é justamente uma segunda chance de buscar a realização através do trabalho. Ganhar dinheiro é bom, é fundamental, mas precisamos encontrar o que move a nossa alma, o que nos faz levantar todos os dias feliz para ir trabalhar, seja fazendo doces, gerindo times de pelada ou qualquer outra coisa.

*Thais Roque é formada em Administração de Empresas, graduada em Coaching e Gerenciamento de Negócios pela New York University (NYU), MBA na Fundação Getúlio Vargas (FGV) em Gestão Estratégica e Econômica de Recursos Humanos. Comanda a Mrs Coach3 www.mrscoach.com.br, é palestrante motivacional.