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Cuide bem do seu cavalo

Posted: 16 de janeiro de 2014 às 7:23 am   /   by   /   comments (0)

 

*Eduardo Zugaib

Neste último fim de ano dei-me férias de presente. Viajei, conheci novas culturas, revisitei outras já conhecidas, me dando ao direito a doses nada homeopáticas da história, da paisagem e da gastronomia de cada uma delas. Esvaziei a mente para começar 2014 com espaço para novas ideias, já que o ano anterior foi massacrante para mim. Foi o ano em que, em poucos meses, vi meu pai partir após a constatação de uma das mais agressivas e letais formas de câncer. Um daqueles hiatos que a vida nos coloca de vez em quando e que nos faz inverter completamente as prioridades. Numa roda de amigos, alguém diria que em 2013, eu ‘corri como um cavalo’.

Não sou de escrever sobre fatos pessoais, especialmente aqueles que nos jogam ao chão. Porém, venho aprendendo que encarar a realidade decorrente deles é como subir em nosso cavalo, para enfrentar aqueles monstros que criamos dentro de nós, tal qual na história do santo guerreiro. Você sabe quais são esses monstros.

Quando isso acontece, vivemos a essência daquilo que a psicologia e demais ciências do ‘eu’ chamam de autoconhecimento. Revelamos forças, somos apresentados às nossas fraquezas e, a partir desse aprendizado, vamos aproveitando as oportunidades e tentando enfrentar as ameaças, que não são poucas. Enfim, alternamos momentos em que colocamos ou tiramos o nosso cavalinho na chuva, conforme as possibilidades surjam ou deixem de existir.

Um cavalo pra chamar de seu

Segundo os chineses, 2014 é o ano do Cavalo. Pegando carona na metáfora, questiono a mim mesmo, nestes primeiros dias: que tipo de cavalo quero ser neste ano? Um cavalo totalmente selvagem, que apesar da liberdade não deixa rastro algum? Um cavalo de corrida, que canaliza toda sua força com foco, porém sem se permitir olhar para os lados e perceber a riqueza da paisagem? Um cavalo de roça, que tem o trabalho garantido por anos seguidos, porém sempre puxando o mesmo arado, no mesmo campo e conduzido pelas mesmas mãos? Ou, que sabe, um cavalo de hipismo, que enfrenta obstáculos diversos fazendo o máximo de esforço para não perder a pose?

Dá pra perceber que, ao nos colocarmos, mesmo que de forma metafórica, no lugar destes diversos tipos de cavalos que citei, dá um certo desconforto. Afinal, para cada decisão que tomamos, existem perdas e ganhos, o lado bom e o lado ruim.

Agora, pense não como o cavalo, mas como aquele que o conduz. Aquele que o trata, que o alimenta. Como você cuidará deste ‘cavalo’ que acabou de nascer, está em seus primeiros dias, que está exclusivamente sob sua responsabilidade? Como você tornará as horas deste cavalo úteis e, ao mesmo tempo, prazerosas? Como você alternará momentos de ócio e lazer com momentos de criatividade e produtividade na vida do seu cavalo?

Hora de assumir as rédeas

Quando simplesmente nos colocamos no lugar do cavalo, percebemos que em boa parte das opções alguém nos conduz, compulsoriamente. Gostando ou não, o cavalo tem alguém decidindo por ele, com exceção ao cavalo selvagem que, apesar de gozar de toda liberdade do mundo, não está imune a predadores, tampouco deixa algum legado por onde passa.

A indecisão gerando as decisões alheias é o que acontece quando optamos por não nos posicionar diante dos dilemas da vida, delegando nossas possibilidades apenas a terceiros ou ao decurso do tempo, sem mobilização, sem engajamento. Ao não decidir, simplesmente alguém vai lá e decide por você. Tem sido assim há gerações. E também há gerações vemos isso gerando as mesmas frustrações, angústias, a sensação de impotência, os complexos de vítimas e outros dragões. Aqueles, você sabe quais.

Mas, ao compreendermos o ‘nosso cavalo’ como a grande possibilidade que temos em mãos, a coisa muda um pouco de figura. Essa possibilidade pode e deve ser encarada como a mistura do nosso tempo com as nossas competências e com a nossa disposição de levantar e seguir em frente, mesmo diante dos desafios que surgem ao longo do caminho. Oras mais devagar, oras mais rápido, oras mais leves, oras com um pouco mais de peso sobre as costas.

Portanto, se há algo de útil que eu posso transmitir a você nessa mensagem, é: cuide bem do seu cavalo. Amarre-o quando for preciso, deixe-o livre quando necessário. Alimente-o bem física, mental e espiritualmente. Transforme o seu tempo em possibilidades reais. Faça seu cavalo crescer de forma vigorosa, criando valor e compartilhando um pouco dessa energia toda com aqueles que ainda estão se entendendo com seus próprios cavalos. Em 2014: assuma pra valer as rédeas de sua vida. Feliz Cavalo Novo!

*EDUARDO ZUGAIB (falecom@eduardozugaib.com.br) é escritor, profissional de comunicação e marketing, professor de pós-graduação, palestrante motivacional e comportamental. Ministra treinamentos nas áreas de Desenvolvimento Humano e Performance Organizacional. www.eduardozugaib.com.br