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Elas por elas não existe

Posted: 22 de setembro de 2016 às 7:30 am   /   by   /   comments (0)

Fernando Mantovani*

Quando fazemos um movimento lateral na carreira, ou seja, mudamos de emprego sem um aumento salarial significativo, costumamos dizer que ficamos no “elas por elas”. Isso chama atenção para o quanto ainda associamos crescimento profissional ao ganho financeiro. Sendo que o primeiro não tem necessariamente relação direta com o segundo.

Conheço casos de pessoas que passam dez anos na empresa exercendo a mesma função. Naturalmente, o salário é reajustado nesse período e até pode acontecer algum aumento por mérito. Outros até sobem hierarquicamente uma ou duas posições nas companhias, mas suas atribuições na verdade não diferem muito daquelas que tinham no cargo inicial. Suas metas também podem mudar ano após ano. Porém no final do dia, os profissionais acabam fazendo a mesma coisa. Do ponto de vista de carreira, estão estagnados e comprometendo sua empregabilidade caso inesperadamente precisem de uma recolocação.

Pessoas que se sentem incomodadas com essa situação têm duas opções: ou se movimentam dentro da própria empresa quando têm chances de mudar de área, por exemplo, ou vão para o mercado em busca de um novo trabalho e nesse caso é possível que façam um movimento lateral. E isso é explicado por razões muito simples: elas enxergam nessa nova oportunidade a chance de adquirir novos conhecimentos técnicos, ampliar sua área de atuação, participar de um projeto interessante ou desenvolver habilidades de gestão que na empresa atual não lhes é oferecido. Ao colocarem na balança os prós e contras da movimentação, percebem que têm muito mais a ganhar do que permanecendo onde estão. Definitivamente, não há o elas por elas.

Acredito que o mercado de trabalho no Brasil tenha atingido certa maturidade. Nesse sentido, no curto e no médio prazos, serão mais raras oportunidades de emprego com os salários inflacionados que vimos no passado. Portanto, será cada vez mais comum pessoas mudarem de emprego motivadas mais pelos desafios do que pura e simplesmente pela remuneração.

*Fernando Mantovani é Managing Director da Robert Half.