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Empreender em tempos de crise

Posted: 4 de março de 2009 às 6:19 pm   /   by   /   comments (0)

 

*Por Mariana Parizotto

Em outubro de 2008, durante um encontro de ministros do Trabalho do Mercosul, Carlos Lupi, ministro do Trabalho e Emprego, declarou que o Brasil estava protegido contra a crise financeira internacional e que os seus desdobramentos não prejudicariam o mercado de trabalho no país. Passados quase quatro meses, as pesquisas e levantamentos indicam uma situação bem diferente da indicada pelo ministro.

Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o mercado de trabalho formal brasileiro já perdeu 797,5 mil vagas desde novembro. Em janeiro, pelo terceiro mês consecutivo, as demissões superaram as contratações com carteira assinada, e o saldo de vagas ficou negativo em 101.748 postos. Diante deste cenário pouco otimista, caracterizado principalmente pela escassez de emprego e demissões em massa, investir em um negócio próprio é um risco ou uma saída?

Para o gerente de Orientação Empresarial do SEBRAE-SP, Antonio Carlos de Matos, não é arriscado abrir um negócio neste período, desde que alguns mandamentos sejam seguidos. “As recomendações para quem vai abrir um negócio próprio valem tanto na em meio à crise como para épocas de economia próspera, porém, em períodos como este em que vivemos, os cuidados devem redobrados. Não é recomendável interromper projetos, é recomendável ter mais cautela” afirma.

O principal segredo está em identificar a dinâmica de mercado para que se possa acompanhá-la, oferecendo produtos ou serviços que estejam em sintonia com as necessidades do mercado. “Montar um negócio pode ser resumido em apenas uma questão: Qualquer que seja atividade (serviços, produtos, produção), a pessoa precisa diagnosticar situações que vai conseguir vender o produto na quantidade que precisa e assim obter o retorno suficiente para gerar o lucro”, explica o gerente de Orientação Empresarial. Entretanto, Antonio Carlos de Matos conta que o maior problema em tempos de crise é traçar uma percepção e identificar se determinado produto será bem vendido ou não, por conta da instabilidade do mercado.

Pra quem pretende entrar no ramo do negócio próprio neste momento, Antonio Carlos de Matos dá algumas dicas essenciais para direcionar um bom negócio e evitar ou minimizar os efeitos da crise:

Inteligência para vender – Em primeiro lugar é preciso confirmar o poder de venda e isso deve ser feito a partir da pergunta “O que eu, empreeendedor, devo fazer para que quem esteja comprando no mercado o que eu pretendo vender compre também da minha empresa?”. Isso será a condição básica para todo o planejamento do negócio.

Visão de Mercado – A inteligência para vender está diretamente ligada ao fator visão de mercado. O empreendedor tem que ser capaz de oferecer ao mercado o que o mercado está precisando como solução. O dono do negócio tem que criar condições para conseguir influenciar a decisão de compra de seu cliente, seja ele consumidor final ou uma empresa. Muitas pessoas que pensam em montar um negócio se concentram na ansiedade de abrir, legalizar, cuidar da instalação física, e esquecem que o maior desafio é vender, conseguir vender o volume que ele precisa é o segredo empresarial.

Condições de Financiamento – É necessário entender que em tempos de crise, as concessões de crédito ficam mais difíceis e seletivas. As empresas que têm uma estrutura funcional muito baseada no crédito, seja para investimento ou capital de giro, devem tomar muito cuidado. Uma boa alternativa para isso é captar capital de giro e montar uma operação baseada no “Compre a prazo e pague depois de vender”.

Setores e Seguimentos – Todos os setores estão recuperando, em maior ou menor escala, as boas posições que vigoraram até o primeiro semestre de 2008, mas algumas precauções merecem ser respeitadas. Aqueles setores que trabalham com bem duráveis e de valor maior foram os primeiros a serem afetados e provavelmente serão os últimos a se reerguerem. Seguimentos que trabalham com importados ou produtos atrelados ao câmbio monetário também devem ser evitados, pois são os setores de maior risco já que os preços podem variar muito por causa da instabilidade econômica mundial. Uma boa opção são os setores que vendem/negociam produtos com valores menores, que foram os menos atingidos.

Saber Negociar – Ser um bom negociador é uma das principais características que devem estar presentes no perfil de um bom empreendedor. Ele deve ser um excelente negociador, não só com o mercado (fornecedores e clientes), mas também com os funcionários, familiares. A vida será totalmente alterada, principalmente se ele for a pessoa que vai operar o negócio, pois terá que negociar até consigo mesmo novos formatos de posicionamento.

O SEBRAE -SP disponibiliza em seu portal uma consultoria que visa instruir os novos empreendedores a solucionar problemas que afetam o cotidiano das pequenas empresas, além de reunir diversos matérias de apoio para quem esta ingressando em um negócio próprio. Mais informações também podem ser obtidas no 0800 570 0800 .

*Mariana Parizotto é jornalista do Dicas Profissionais.