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Faltou ética…

Posted: 11 de dezembro de 2008 às 12:53 pm   /   by   /   comments (0)

*Por Juliana Fukuyama

O triste acontecimento envolvendo os estudantes de Medicina no Hospital da Universidade Estadual de Londrina nos leva a considerar a importância de se praticar a ética na vida profissional.

O que pode ter levado jovens estudantes a invadir o hospital, insultar pacientes e funcionários e por fim estourar rojões? Inexplicável este tipo de atitude se considerarmos que estes jovens que hoje praticaram esta barbárie serão os médicos de amanhã. Infelizmente estes alunos nem bem começaram a exercer sua profissão e já feriram um dos princípios básicos do Código de Ética Médica, como (…)guardar respeito absoluto pela vida humana (Art. 6º, Capt.1),e (…)zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão(…)(Art. 4°, Cap.1).

Há muito se discute a questão do ensino das faculdades de medicina em todo Brasil, principalmente quanto ao regime de abertura de novos cursos. Profissionais da área médica preocupam-se com a qualidade do ensino no país, a começar do processo seletivo de muitas faculdades facilitarem o ingresso ao curso baseado nas condições financeiras, grande parte delas apresenta um sistema de ensino ultrapassado, com corpo docente despreparado e hospital–escola terceirizado. O resultado de tudo isso é a reprovação de 61% dos estudantes do sexto ano de medicina no Exame realizado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo em novembro passado.

Vivemos em uma sociedade onde prevalece o consumismo, o individualismo, onde se pensa no poder, na riqueza pessoal, e independente da área de atuação, a questão da ética vem sendo discutida incessantemente, pois se não a exercitamos, esquecemos que ela existe, podendo até morrer.

Na realidade pensamos que a ética é apenas um papel, que deve ser assumido por alguém e não por nós mesmos. Ela está presente em todos os nossos relacionamentos, com nossa família, amigos, na faculdade, no estágio, no trabalho, e muitas vezes nem damos atenção aos pequenos “deslizes” que são cometidos ao longo do tempo, mas que podem transformar a vida profissional de uma pessoa.

A famosa frase que diz “os fins justificam os meios” vem ganhando espaço em nossa sociedade, pois algumas pessoas se dispõem a praticar irregularidades para atingir certos fins. Sem se preocupar com a falta de ética fazem tudo pelo benefício próprio!

Por exemplo, em um ambiente de trabalho onde o profissional sofre constante pressão para cumprimento de metas e resultados, o indivíduo acaba colocando suas necessidades pessoais acima de tudo e de todos. É este ambiente competitivo que gera comportamentos antiéticos, mas muitos ignoram que estas atitudes trazem consigo suas conseqüências.

Se uma atitude resulta em falta de ética e existem provas de que houve danos a pessoas ou patrimônio, os nomes daqueles envolvidos estarão sempre ligados a este acontecimento, repercutindo negativamente em sua trajetória profissional.

A ética é uma exigência a qual não pode ser separada da vida pessoal e profissional, é uma urgência de grande valor nas relações humanas, e deve reger a vida de todo profissional. Precisamos entender que ela não é uma utopia, mas uma afirmação diária de cada um em qualquer meio onde esteja inserido, basta colocá-la em prática.

No caso da faculdade onde ocorreu tal fato, medidas serão tomadas para punir os envolvidos, e também para evitar que atitudes como esta possam ocorrer novamente. Certamente estes estudantes não pensaram na conseqüência dos seus atos, tão pouco na repercussão que irá afetar a carreira de cada um.
* Juliana Fukuyama é coordenadora do grupo de orientadores profissionais do Dicas Profissionais.