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Gostar do que Faz

Posted: 10 de outubro de 2014 às 8:05 am   /   by   /   comments (0)

 

Marco Fabossi*

Um conhecido negociante de diamantes de Nova Iorque, Harry Winston, ouviu sobre um rico comerciante holandês que buscava um diamante especial para acrescentar à sua coleção. Winston então telefonou para ele, disse-lhe que acreditava ter a pedra perfeita e convidou-o para vir até Nova Iorque para examiná-la. Winston então enviou seu melhor vendedor para encontrá-lo e apresentar-lhe o diamante, que falou sobre os detalhes técnicos da pedra e destacou todas as suas excelentes características. O comerciante escutou-o e elogiou a pedra, mas rapidamente recusou-a dizendo:

– É uma pedra maravilhosa, mas não é exatamente aquilo que procuro.

Winston, que observava a conversa à distância, parou o comerciante a caminho da porta e perguntou:

– Desculpe, mas posso lhe mostrar o diamante mais uma vez?

O comerciante concordou. Winston então falou natural e espontaneamente sobre sua genuína admiração por aquele diamante e sobre sua rara beleza. Inesperadamente, o comerciante mudou de ideia e comprou o diamante.

Enquanto aguardava pelo diamante, o comerciante perguntou a Winston:

– Por que decidi comprar de você, quando não tive qualquer dificuldade para dizer não ao seu vendedor?

Winston respondeu:

– Aquele é um dos melhores vendedores do mercado e conhece bem mais que eu a respeito de diamantes. Ele ganha um bom salário, mas eu teria prazer em pagar-lhe o dobro, se ele tivesse algo que eu tenho, mas falta nele. Ele conhece diamantes; eu sou apaixonado por eles.

O que é mais importante? Fazer o que gosta, ou gostar do que faz?

Fazer o que gosta como forma de trabalho e de ganhar a vida é um dos maiores sonhos de qualquer profissional. Desde a infância somos incentivados a buscar o que gostamos. É claro que trabalhar num campo, num setor, numa profissão ou empresa onde gostamos do que fazemos é importante, mas será que é possível gostar de absolutamente tudo o que fazemos? Será que os jogadores profissionais de futebol gostam de ficar longe da família e acordar cedo todos os dias para treinar, faça chuva, sol, frio ou calor, tanto quanto eles gostam de entrar em campo no final de semana para brilhar? Será que o presidente de uma grande empresa chegou a esta posição fazendo apenas o que gosta?

Eu sou apaixonado pelo que faço. Sinto-me realizado e privilegiado em poder contribuir com a transformação do ser humano através dos treinamentos, palestras, workshops e processos de coaching que realizo, contudo, tive que aprender a gostar das viagens que me afastam temporariamente daquilo que mais amo, minha família e meus amigos, porque elas são o meio para eu conseguir fazer o que gosto.

Creio que não há bônus sem ônus, e que o caminho que nos conduzirá à paixão pelo que fazemos passa necessariamente pela nossa disposição em aceitar e aprender a gostar daquilo que faz parte de sua construção, que nem sempre são coisas que nos agradam, porque isso nos conduzirá naturalmente para fora da zona de conforto, onde estão as maiores possibilidades de crescimento e desenvolvimento. Vejamos alguns exemplos do que acontece quando fazemos com paixão o que ainda não nos apaixona:

Criatividade: Algumas situações lhe farão desenvolver seu vocabulário, estabelecer novas conexões neurais e associações entre coisas e conteúdos distintos, aumentando sua capacidade associativa e, naturalmente, sua criatividade.

Relacionamento: Lidar com pessoas diferentes, em tarefas distintas lhe ajudará a aprender a lidar com diferentes perfis. Esta é uma das mais importantes habilidades de liderança.

Networking: Ao fazer atividades fora de sua zona de conforto, necessariamente lidará com pessoas que normalmente não fariam parte de sua rede de contatos, isto é, ativamente você não buscaria pessoas com este perfil para sua rede profissional. Isto lhe rende fortalecimento e possivelmente uma boa fonte de benchmarking para atividades futuras.

Aprendizagem: As mais bem sucedidas organizações são aquelas que aprendem a aprender, e para que permaneçam assim buscam profissionais que também estejam dispostos a aprender. Em uma realidade onde tudo muda e continuará mudando, aguçar sua capacidade de aprendizagem certamente lhe trará bons frutos.

Resiliência: O que as organizações esperam de seus profissionais? Que queiram fazer apenas o que gostam? Creio que não, portanto, demonstrar sua disposição em encarar atividades que estejam fora de sua zona de satisfação, demonstra certa capacidade de tolerância à frustração e projeta uma imagem de maturidade e resiliência, características imprescindíveis ao profissional contemporâneo.

Minha sugestão, portanto, é que quando se deparar com situações onde não fará apenas o que gosta, pergunte-se: O que há nesta atividade que eu possa gostar ou aprender a gostar? Como essa atividade pode me fortalecer? De que maneira esta atividade pode contribuir para o meu crescimento pessoal e profissional?

De sua atitude depende o seu crescimento, por isso, busque fazer o que gosta, mas aprenda a gostar do que você faz!

Um grande abraço,

*Marco Fabossi, Sócio-diretor da Crescimentum – Alta Performance em Liderança, é Conferencista, Consultor, Coach Executivo e Coach de Equipe, com foco em Liderança e Coaching. Graduado pela FEI, com especialização e MBA pela Fundação Getúlio Vargas. Autor do Livro “Coração de Líder – A Essência do Líder-Coach”. Criador e Mantenedor do Blog da Liderança www.blogdofabossi.com.br