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O Profissional do Futuro

Posted: 20 de maio de 2008 às 6:13 pm   /   by   /   comments (0)

“Manda quem pode, obedece quem tem juízo.” Foi-se o tempo em que esse provérbio ditava as regras no ambiente empresarial e os subordinados submetiam-se aos mandos e desmandos de seus superiores por considerarem que estes sabiam mais. Em tempos modernos, o sistema hierárquico vem perdendo força e cede espaço a um novo tipo de profissional, o trabalhador do conhecimento. A entrevista com o executivo e professor do IBMEC – SP, Gilberto Guimarães mostra como será o profissional do futuro. Segundo Guimarães, o líder do futuro não dará mais ordens e, sim, pedirá colaboração.

Quais Foram as principais mudanças que ocorreram no mercado de trabalho nos últimos anos?
Gilberto Guimarães – O mercado de trabalho foi modificado em função de uma transformação profunda que houve no mercado em geral e na economia das empresas. Um dos fatores que contribuiu para promover essa alteração foi o esgotamento do mercado consumidor. A globalização também teve seu papel pois, se há esgotamento em um país, a saída é ir buscar mercado consumidor na nação vizinha. Tudo isso mexe com a estrutura da indústria. Antes, a produtividade do trabalhador era medida pela velocidade da máquina. Agora, sua produtividade é mais em função do conhecimento do que da velocidade com que ele trabalha.

Quais as vantagens e desvantagens que essas mudanças trouxeram para os profissionais?
Guimarães – Colocando os profissionais em uma pirâmide, podemos dividi-la em três partes. Na base estão os trabalhadores que não são especializados, que vendem sua força física e precisam estar presentes no trabalho. Esses, certamente, têm muitas desvantagens nesse mundo novo. No centro da pirâmide ficam os profissionais que tem especialização, porém não têm as características necessárias para liderar. A vantagem para os que estão no centro é poder ter melhor qualidade de vida, já que não precisam estar presentes na empresa. No topo, estão os que além de terem especialidade tem qualidades adicionais para serem líderes.

Quais são as características profissionais mais valorizadas hoje?
Guimarães – Antes de tudo, o profissional deve ser especialista em alguma coisa, pois aquela história de que bom é o generalista não é verdade. O empregador de hoje não sabe quanto tempo a empresa dele vai durar; por isso, ele não tem tempo para formar craques. Ele quer um que já esteja pronto. Esse profissional deve conhecer a si próprio, saber identificar suas limitações e no que é bom. Ele precisa ter autocontrole, pois quem não se controla não controla nada nem ninguém. É preciso também ter empatia, que é perceber o que os outros querem e fazer as pessoas perceberem o que você quer. Ter coragem de optar por um caminho sem medo, assim como a capacidade de influenciar outros. E, finalmente, a habilidade de se antecipar, que nada mais é do que estar atento ao que está acontecendo hoje e que pode influenciar o amanhã.

Hoje, é possível falar em emprego seguro?
Guimarães – Hoje, as empresas não podem mais dar a segurança do emprego permanente. O empregado tem de buscar empregabilidade por conta própria, e empregabilidade é o quanto ele vale fora da empresa.

É possível traçar um panorama de como o mercado de trabalho estará nas próximas décadas?
Guimarães – O trabalhador do futuro vende sua competência e não está preocupado com a perenidade. Em tese, é uma legião de prestadores de serviços, pois cada um está craque na sua especialidade e põe essa especialidade a disposição de um projeto, de uma organização. Daqui a alguns anos, a não presença do profissional na empresa vai ser muito mais forte. Será preciso mexer até mesmo na estrutura educacional, pois escolas e faculdades têm estruturas idênticas as das indústrias, com inflexibilidade de horário e descansos intermediários. O líder do futuro não dará ordem. Ele pedirá autorização.