Newsletter subscribe



Artigos

O que fazer depois da graduação?

Posted: 9 de janeiro de 2013 às 12:06 pm   /   by   /   comments (0)

 

Armando Terribili Filho*

Todos sabem da importância em obter um diploma de curso superior, pois além de representar um reconhecimento social, é também condição mínima para a inserção e competição no mercado de trabalho primário. Se nos anos 60 o sonho da família brasileira era a conquista da casa própria e do carro de família, nos anos 70 a conquista do diploma em nível superior virou o alvo de milhões de jovens brasileiros. A partir deste período, como o Estado não conseguia oferecer vagas nas universidades públicas para acompanhar a demanda existente, houve uma verdadeira explosão dos cursos nas instituições particulares, sobretudo no período noturno.

A expansão quantitativa das faculdades e dos cursos noturnos não foi acompanhada da qualidade necessária. Esta situação permeou boa parte das instituições de ensino do país e teve seu reflexo na formação dos nossos estudantes, nos aspectos profissional, social, cultural e ético. É importante destacar todas essas dimensões, pois a grande maioria dos estudantes busca no curso superior, exclusivamente a formação profissional, ou seja, desenvolver habilidades, conhecer técnicas e ferramentas para o exercício de sua profissão. Visão míope, pois o papel do curso superior é desenvolver o ser pensante, crítico, reflexivo e transformador da sociedade em que vive.

Quando o jovem termina o curso de graduação, surge a dúvida. E agora? O que fazer? É importante fazer uma pós-graduação? Um MBA? Ou seria mais adequado um mestrado? Seria oportuno esperar alguns anos para “amadurecer” antes de fazer uma especialização? Infelizmente, as faculdades pouco orientam acerca dos possíveis caminhos a seguir. A propósito, poucos estudantes dos últimos anos de graduação sabem distinguir um curso de extensão de um curso de pós-graduação. Evidentemente que o caminho a ser trilhado pelo jovem depende de seu plano de carreira; entretanto, alguns conceitos são importantes para realização de uma análise e tomada de decisão quanto à escolha do caminho.

Um curso de extensão é destinado para graduados e não-graduados, por isso, não é considerado como uma pós-graduação. Este tipo de curso pode ter qualquer duração (em número de horas), sendo que ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão.

Já a pós-graduação é constituída por um ciclo de atividades regulares que visa aprofundar os conhecimentos adquiridos pelos estudantes na graduação, sendo dividida em lato sensu e stricto sensu. Os cursos de pós-graduação lato sensu são regulados pelo Ministério da Educação (MEC) e têm no mínimo 360 horas de duração, enquadrando-se nesta modalidade os cursos de especialização, aperfeiçoamento e os MBAs (Master Business Administration). Ao término do curso o aluno recebe um certificado de conclusão, após apresentação de monografia. Os processos seletivos para os cursos lato sensu são em geral, efetuados através de análise curricular e entrevistas.

Os cursos de pós-graduação stricto sensu, denominados mestrados e doutorados, são avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Tais cursos objetivam a competência científica, contribuindo para a formação de docentes e pesquisadores. Há também o mestrado profissionalizante que visa a formação de profissionais para o mercado de trabalho, articulando atividades de ensino com aplicações de pesquisas de forma diferenciada. A duração máxima destes cursos varia de programa para programa, porém atualmente, em média um curso de mestrado tem duração de dois anos, e o de doutorado de quatro anos. A pós-graduação stricto sensu forma mestres e doutores, que recebem diploma com a referida titulação acadêmica, após a defesa de dissertação (para o mestrado) ou de tese (para o doutorado), diante de bancas examinadoras formadas por três a sete membros com titulação mínima de doutor.

Os processos seletivos para os cursos de mestrados e doutorados são rigorosos e, em geral, a relação candidato/vaga é muito superior à mesma relação encontrada nos cursos de graduação, havendo exigências quanto à apresentação prévia de projetos de pesquisa, fluência em línguas estrangeiras, realização de provas específicas, avaliação de currículo pessoal, entrevistas, disponibilização mínima de tempo para a realização de estudos e pesquisas. Embora algumas instituições permitam que um estudante se candidate a um curso de doutorado mesmo sem ter o título de mestre, isto não é comum, pois o nível de exigência para esta situação é, em geral, muito elevado.

A primeira coisa que o jovem deve pensar no processo decisório é descobrir se quer ter uma especialização na sua área de conhecimento ou se quer buscar conhecimento complementar à sua área. Por exemplo, um curso de administração de empresas é rico e amplo, pois aborda disciplinas na área de ciências humanas, finanças, tecnologia, direito, marketing entre outras. Neste caso, é oportuno que o jovem busque uma especialização naquilo que tenha maior interesse. Por outro lado, um estudante de odontologia pode fazer uma especialização, mas também pode buscar uma complementação de conhecimentos na área de gestão de negócios, afinal, seu consultório tem manutenção da infra-estrutura, funcionários, clientes, fornecedores, estoque de materiais, contas a pagar, contas a receber, etc., que devem ser geridos adequadamente.

Para sua tomada de decisão, algumas recomendações: (1) esqueça que para fazer um curso após a graduação você deve esperar para ganhar experiência profissional – isto é um paradigma que precisa ser mudado. Você vai estudar a vida toda, buscando complementação de conhecimento, atualizações e networking. Quanto antes começar, melhor preparado estará. (2) não há limite de idade para se reencontrar com os livros – outro paradigma a ser quebrado; esqueça o termo “reciclagem”, pense em “atualização ou educação continuada”; (3) o curso escolhido deve estar alinhado com seus objetivos, interesses e plano de carreira; (4) antes de se inscrever em um processo seletivo, busque opiniões de pessoas que fizeram o curso, pesquise o conteúdo programático e sempre que possível, faça uma entrevista com o coordenador do curso para entender a proposta pedagógica e validar se vai ao encontro de seus anseios; (5) verifique se o curso é totalmente presencial ou se há uma porção na modalidade “a distância”; e neste caso, se vai ao encontro de suas expectativas; (6) não se esqueça da importância da língua inglesa – que em muitas profissões é pré-requisito para seu crescimento e desenvolvimento; (7) em algumas áreas, como Tecnologia da Informação, as certificações são distintivos altamente valorizados e reconhecidos no mercado.

Qualquer que seja o curso escolhido, lembre-se que seu sucesso depende de você! De sua determinação, de sua capacidade de realizar pesquisas, de relacionar-se com os outros, de realização (efetuar entregas) no prazo e com alto padrão de qualidade. Estude sempre, invista em você, no seu crescimento pessoal e profissional.

*Armando Terribili Filho – Doutor em Educação pela UNESP/Marília, Mestre em Administração de Empresas pela FECAP, Professor da Faculdade de Administração e da Faculdade de Computação e Informática da FAAP, professor de cursos de pós-graduação na FAAP. Autor do livro “Indicadores de Gerenciamento de Projetos”.

Nota: Esse artigo foi publicado em nosso portal Unimais ww.unimais.com.br