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Para quem você trabalha?

Posted: 28 de janeiro de 2015 às 7:28 am   /   by   /   comments (0)

Bernardo Leite*

Uma das expressões mais utilizadas atualmente nos processos de gestão é “entrega”. A palavra espelha a agregação de valor de um profissional, de uma área ou da própria empresa no desenvolvimento de suas atividades, ou seja, a entrega de um resultado.

Diria que é um sinal dos tempos. Voltar os olhos e os esforços para o resultado.

Mas isso não devia ser novidade. Afinal sempre se trabalhou para os resultados. Não há sobrevivência sem isso.

No entanto há um movimento consistente no sentido de se ter uma atuação mais medida dentro das organizações. Isso explica, por exemplo, o advento dos indicadores como monitoramento das atividades em todas as áreas, notadamente em RH.

De certa forma esse fator retoma os conceitos de eficiência e eficácia. Eficiência como o esforço nas atividades, ou o que se faz, a operacionalização. Eficácia como o resultado desse esforço, o para que se faz. Qual a razão da nossa presença na empresa! Peter Drucker ressaltava que é fundamental: “fazer certo as coisas certas”. Isto quer dizer que não basta ser eficiente e desenvolver adequadamente as suas atividades. É fundamental saber se essas ações se dirigem para o resultado, isto é, a coisa certa? E a somatória desses pontos revela a efetividade!

Esse enfoque resgata e reforça o sentido horizontal dos processos organizacionais. É a comunicação horizontal, no fluxo das atividades entre as áreas, dentro do conceito da Cadeia de Valor Agregado de Michel Porter, buscando o resultado.

Mas o que é valor agregado, o que é resultado? Sinteticamente poderíamos dizer que o resultado é a entrega. Mas temos que definir com mais detalhes essa situação.

Para facilitar costumo exemplificar com o seguinte fato:

– um cozinheiro ao preparar um prato terá que seguir um processo (como em uma produção) onde temos> 1- ingredientes (insumos / matérias primas); 2- preparação, cozimento, e junção das partes do prato como molhos e outros condimentos (processo / medição de tempo / linhas paralelas); 3- acabamento e finalização do prato, incluindo decoração (embalagem e distribuição) e colocação no recipiente final, uma travessa, por exemplo (embalagem final).

Pronto, chegamos ao resultado. Certo? Não, errado. Só chegamos ao resultado após o prato ser provado e aprovado pelos convidados. Nada pior que preparar um prato que ninguém goste!

Da mesma forma nos produtos industriais o resultado só ocorre no mercado com a satisfação do cliente. Nunca antes!

Isso define que o resultado esta nas mãos dos outros. Dos nossos clientes. Dependemos da satisfação dos nossos clientes, caso contrário não há resultados, só esforços e desperdício.

Na empresa também temos essa dependência. O nosso resultado está nas mãos dos nossos clientes internos. Se não conseguirmos atende-los não iremos satisfazer o cliente de mercado.

Essa situação determina a lógica da interdependência ou ainda a exigência da “integração funcional” para os resultados. Não há resultados individualmente.

Nesse sentido ganha importância o destaque para as áreas com maiores dificuldades (o gargalo do processo). Não adianta melhorar a cadeia de negócios se não se aperfeiçoa as áreas que podem restringir o fluxo natural de acumulação de resultados parciais.

Então fica claro de que não trabalhamos para os nossos chefes. Eles podem até não gostar, mas é um fato. Trabalhamos com os nossos chefes e, até, sob orientação e direção deles, mas o nosso alvo é fora da nossa área.

Na realidade o nosso alvo é o mesmo que o da nossa empresa (coincidência, não é?), isto é, o nosso alvo são os resultados do negocio. Cada um contribuindo na sua especialidade. E é muito importante medir essa contribuição.

*Bernardo Leite é Psicólogo / Pós em Administração, especialista em Comportamento e Desenvolvimento Organizacional. Palestrante e escritor. Colunista do portal Carreira&Sucesso da Catho Online onde trata sobre Desenvolvimento Humano e onde este artigo foi publicado anteriormente.