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Qualquer pessoa pode abrir um negócio?

Posted: 28 de março de 2008 às 6:05 pm   /   by   /   comments (0)

Por Celiana Perina e Valéria Rueda Elias*

Otimista, organizado, observador, diplomático, criativo e acima de tudo, sabendo correr riscos. Um super-herói? Não, são apenas algumas qualidades tidas como essenciais para quem quer abrir o próprio negócio ou ter mais êxito na profissão. Essa autonomia pode ser uma alternativa para o recém-formado ou para o estudante que deseja obter uma fonte de renda.

Segundo a coordenadora do curso de Administração da UNIMEP – Universidade Metodista de Piracicaba, Valéria Rueda Elias, qualquer pessoa pode abrir o próprio negócio, e em todas as áreas do conhecimento, como Fonoaudiologia, Nutrição, Radialismo, Publicidade e Propaganda, Farmácia, Economia, Administração de Empresas, entre tantas outras.

Trata-se de uma chance para o profissional vislumbrar alternativas que não são comuns na sua área, mas que estão diretamente ligadas a ela. Algo como uma pessoa que tem vontade de ser modelo, mas não tem atributos físicos para isso. Certamente, uma opção pode ser abrir uma agência de modelos e estar sempre em contato com as passarelas.

Trata-se de uma característica do empreendedor. O empreendedor tem a capacidade de olhar para determinada situação e perceber que pode transformá-la em oportunidade de negócio. “Você pode ser empregado ou ser um empreendedor” comenta Valéria.

Mas, antes da escolha, é importante tomar alguns cuidados como analisar o ambiente, estudar e ter argumentos que indicam que a idéia ou o negócio é propício e pode dar certo. O empreendedor deve desenvolver três características básicas: saber tomar decisões, observar e ter a capacidade de argumentar. “Quando ele observa e argumenta, a decisão surge naturalmente”, salienta a coordenadora do curso. Geralmente, a pessoa tem a idéia, mas não a executa e, quando percebe, outros planejaram a atividade e a colocaram em prática. “Isso é ter visão de negócios”, explicita Valéria.

Mesmo pessoas que abrem pequenas ou médias empresas em um ramo que já conhecem, não fazem desta característica uma garantia de que o negócio irá dar certo. Há que se ter uma visão global, envolvendo itens como administração, área jurídica, noções de economia e marketing, entre outros pontos. “É fundamental conhecer a totalidade do negócio”, insiste Valéria ao analisar os caminhos para o sucesso.

Hoje, as pequenas e médias empresas geram uma renda significativa, e por isso é importante estar atento ao processo administrativo do negócio, independente do ramo escolhido. Outra alternativa que já vem sendo utilizada é transformar um hobby em negócio, com as pessoas continuando a fazer o que gostam, seja na área esportiva, artística e até culinária, mas dentro de uma nova perspectiva.

Entretanto, não é possível ter êxito em um empreendimento que não defina claramente seus objetivos. O primeiro passo é se fazer algumas perguntas, como quais são meus pontos fortes? Quais são minhas limitações? Quais são meus gostos, aspirações e necessidades? No que preciso melhorar?

Outro ponto importante é que a área de prestação de serviços deve ficar restrita para quem gosta de servir o outro. E mais: que é necessário se estabelecer um certo padrão de qualidade nos serviços oferecidos. A prestação de serviço se inicia com investimentos relativamente baixos, mas, em compensação, exige do empreendedor uma seriedade muito grande.

Para muitos, o maior atrativo de ter o próprio negócio é estar livre de horários e regras. Trata-se de um equívoco que pode enganar a muitos. Valéria lembra, inclusive, que muitas pessoas pensam que ser patrão de si mesmo é tarefa fácil. Mas quem imagina que vai poder chegar tarde ao seu negócio e deixa-lo nas mãos de empregados está enganado. É o seu capital que está em jogo, é o seu dinheiro que poderia ser investido em outro negócio. “Um empregado não irá cuidar de um empreendimento como o seu proprietário. Por isso, ter o próprio negócio é trabalhar em dobro”, ressalta ela, buscando desfazer ilusões.

Em síntese: ajudará alcançar sucesso a pessoa que trace um objetivo, avalie a situação e todas as possibilidades do contexto, leia muito sobre o assunto, procure conhecer os prováveis concorrentes e esteja disposto a ousar.

Nova empresa: pontos a definir

Talvez a maior dúvida das pessoas, ao se decidirem por iniciar um negócio, seja selecionar o ramo de atividade ideal. Afinal, o leque de opções é imenso, espalhado entre as áreas da indústria, comércio e serviços. Depois de decidir qual a mais adequada, o ideal é se avaliar algumas questões fundamentais que o ajudarão a nortear o negócio.

Confira as dicas:

Fornecedor – É preciso analisar o mercado fornecedor para ver se existe disponibilidade de equipamentos, matéria-prima ou mercadorias em quantidade, assim como qualidade, preço, prazo e distribuição compatíveis com as condições e necessidades do empreendimento.

Consumidor – Antes de tudo, é preciso conhecer o potencial desse mercado consumidor, ou seja, a demanda para determinados produtos ou serviços. Esta análise poder ser subsidiada por informações de publicações estatísticas oficiais e particulares, pesquisas de mercado e censo. Conhecendo as diversas “fatias” do mercado e traçando o perfil médio do consumidor, é possível se detectar qual segmento mais adequado ao tipo de negócio que se pretende iniciar.

Localização – A localização influência muito na hora da escolha do ramo do negócio. O comércio, por exemplo, requer locais onde existam bom tráfego de pedestres, veículos e fácil acesso dos clientes.

Concorrência – Conheça os futuros concorrentes, mapeando, por exemplo, o número de lojas da mesma linha que a sua, pontos fracos e fortes dessas lojas, qualidade das mercadorias e atendimento. É fundamental buscar idéias inovadoras que estejam a frente do seu concorrente.

Os Documentos Imprescindíveis

Para formalizar a abertura de uma empresa, existem caminhos diferentes, exigências específicas dependendo de seu porte e configuração. O importante, inclusive, é que se busque a assessoria de profissionais especializados, que possam indicar qual a melhor opção jurídica, de forma a que o empreendedor opte por modelos cujos impostos sejam mais baixos, a burocracia menor, a flexibilidade de atividades mais ampla. Um escritório de contabilidade, por exemplo, para dar andamento a um processo de abertura de uma empresa irá cobrar em torno de um salário mínimo. Mas é importante que ele só seja contatado quando o interessado já possuir um plano de negócios, detalhando o diferencial do empreendimento, a viabilidade mercadológica, financeira e de produção, para que possa definir o tipo de empresa a ser criada.

Os documentos e procedimentos mais comumente exigidos e adotados são os seguintes:

A) documentos de identificação dos sócios, como CIC, RG, comprovante de endereço;

B) comprovante de endereço da empresa, como capa de carnê de cobrança de IPTU;

C) elaboração do contrato social que será encaminhado para registro na Junta Comercial;

D) obtido o registro, solicitação do CGC e Inscrição Estadual para a nova empresa;

E) solicitação de alvará de funcionamento junto à Prefeitura Municipal.

* Reportagem de Celiana Perina, com consultoria da Profa. Valéria Rueda Elias, coordenadora do curso de Administração da UNIMEP, retirada do ACONTECE – Boletim Informativo da Universidade Metodista de Piracicaba (Ano 18 – Número 331 – Agosto 1/2002).