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Quem é criativo levanta a mão!

Posted: 25 de junho de 2014 às 8:43 am   /   by   /   comments (0)

 

Branca Barão*

Quando peço em uma palestra para aquele que se considera criativo levantar a mão geralmente ninguém levanta. Quando levanta, em meio a centenas de pessoas, vejo erguidos no máximo… no máximo… 3 braços!

Tenho duas notícias pra você que não levanta a mão:

1- Somos seres criativos. Ponto. Fazemos parte de uma espécie naturalmente imaginativa, sonhadora (estou falando daqueles sonhos sonhados com os olhos abertos). Adoramos viajar na maionese, mas, muitas vezes, acabamos preferindo a segurança e a formalidade que um ambiente de trabalho representa, do terno ou do tailer, do momento em que falamos bem sérios com pessoas importantes a uma ‘ideia de jerico’ que, mesmo com o potencial de mudar o mundo, vai te expor ao julgamento de todos e talvez ao ridículo.

2- Você está respondendo a pergunta que faço errado. Seu “não sou criativo” nesse momento, muito provavelmente significa na verdade um sim a outra pergunta: Quem tem medo de críticas? Quem acha que ideias podem ser ridículas às vezes? Quem prefere ficar na “moita” a se expor? Quem acha que assumir uma qualidade é coisa de exibido ou arrogante? Quem acha que se assumir criativo é também assumir-se responsável pela próxima ideia genial nesse grupo? SIM!!!!! Toda ideia tem dentro de si a capacidade de ser genial e ridícula. Essa é a graça da coisa!

O que eu faço então para acessar as melhores ideias, nos melhores momentos e continuar com a minha imagem de profissional sério e respeitado?

A resposta é: fique com o respeitado e jogue o sério fora.

Como assim??? Vou explicar: tente se lembrar das pessoas mais criativas da sua turma do colegial (sim, eu sou do tempo do Colegial!). Eram da “turma do fundão”, certo? Praticavam bullying com os amigos, colocavam apelidos terríveis nas pessoas e eram muitas vezes, expulsos da sala pelo professor, acertei? Já os mais sérios sentavam lá na frente, prestavam atenção na aula, entregavam os trabalhos no prazo e tiravam notas exemplares? Opa! Então foi aí que aprendemos a separar os sérios dos criativos, como água e óleo.

Não dá pra ser tudo nessa vida?!

Talvez não ao mesmo tempo, mas dá para nos dividirmos quando o assunto é criatividade, em dois: Um EU bem sério que adora fazer planilhas no Excel com checklists e que acorda no primeiro toque do celular e podemos ser aquela outra parte que rouba brigadeiro antes do parabéns. Sabe qual?

Já temos essa criatura criativa, intransigente, piadista, divertida e talvez até um pouco infantil aí dentro. Mas, conforme fomos crescendo como profissionais, diminuímos essa parte nossa, por medo de sermos inadequados. Já a nossa parte mais séria, foi crescendo e ficou do tamanho da nossa rotina, deixando toda a diversão numa época em que você não precisava ser tão responsável assim.

Para recuperar a criatividade perdida é preciso descobrir um jeito de crescer sem perder a graça. Descer do salto, desafrouxar o nó da gravada, rir do diretor que soluça no meio da reunião ou do cheiro de pum que está rolando no escritório enquanto todos os sóbrios profissionais fazem todo o esforço do mundo para respirar sem fazer nenhuma careta.

Acordar a criatividade, às vezes, é tão simples quanto fazer bola de chiclete (Nossa, quanto tempo hein?!), experimentar comer algo diferente, contar uma piada, rir da outra, cantar no karaokê ou dançar, sem nenhuma vergonha de ser ridículo.

Em outras momentos é preciso entrar debaixo de uma cachoeira gelada, colocar a cabeça pra fora do carro e gritar o mais alto possível, mandar aquela pessoa “pra aquele lugar”, ficar um dia inteiro de preguiça no sofá, ou até compor, você mesmo, uma paródia musical. Tudo isso só para encontrar o caminho das ideias. Caminho este que já existe talvez meio esburacado, sem placas indicativas, e escuro aí dentro da sua cabeça.

A criatividade não está na gaveta da sua mesa de trabalho (a não ser que haja chicletes lá!) na reunião com gente importante (e chata!), no prato feito do restaurante executivo, muito menos na agenda.

Acredite: Dá pra ser sério sem precisar ser formal!

*Branca Barão – www.brancabarao.com.br– Palestrante, Especialista em comportamento humano, criatividade e inovação e Colunista do portal Carreira&Sucesso onde este artigo foi publicado.