Se melhorar, melhora

Eduardo Zugaib*

Em time que está ganhando, não se mexe. Se melhorar, estraga.

Pensamentos aparentemente inocentes como esses e, justamente por isso, altamente multiplicáveis e replicáveis de geração em geração, podem causar grandes danos na nossa motivação e na nossa capacidade de autodesenvolvimento.

A razão é simples: tudo aquilo que assimilamos como padrão, cria ou alimenta nosso sistema de crenças. Uma vez instalado o “software”, ou seja, as crenças, fica difícil exigir mais desse computador de possibilidades infinitas que é o nosso cérebro: afinal, nós mesmos o programamos para agir como tal.

Quando repetimos para nós mesmos determinadas “verdades’, reafirmando-as a cada dia, a cada nova situação que julgamos confirmá-las, fortalecemos ainda mais as nossas crenças, sejam positivas ou negativas. E a partir dela desenvolvemos nossa relação com o mundo exterior.

Por sua vez, o nosso padrão de crenças formata nossos pensamentos e sentimentos. Razão e emoção são filtradas, mesmo que sutilmente por ele. A sequência disso se desdobra nos nossos comportamentos e nas nossas atitudes, o chamado soft skill das nossas competências, que são nossas habilidades interpessoais. Essa reação naturalmente vai demandar em algum lugar: nos resultados que obtemos no componente relacionado a nós mesmos, ao nosso envolvimento, paixão e dedicação. Esse componente nos ajuda a compreender e superar o outro componente, representado pelos fatores externos e não controláveis, que justamente por isso obrigam nossa criatividade a despertar e a buscar novos caminhos.

Nesse processo de busca e autoconhecimento, os resultados fecham o ciclo, reafirmando nossas crenças. Nada mais óbvio, já que são frutos que germinaram nelas mesmas.

O grande desafio não apenas da nossa, mas de todas as gerações, sempre foi romper padrões estabelecidos, individuais ou coletivos, especialmente quando os mesmos começam a colocar nossas vidas em giro falso.

A crença de que “se melhorar, estraga”, nesse caso, sabota a capacidade de ir além, já que inconscientemente congelamos essa possibilidade. “Se melhorar, estraga” é igual a “Pior que tá, não fica”, só que apontando para outra direção. Se melhorar, fica melhor ainda. Sempre.

*Eduardo Zugaib – www.eduardozugaib.com.br – é escritor, profissional de comunicação e marketing, professor de pós-graduação, palestrante motivacional e comportamental. Ministra treinamentos nas áreas de Desenvolvimento Humano e Performance Organizacional. Acaba de lançar o livro Revolução dos Pouquinhos. Contatos: (falecom@eduardozugaib.com.br)