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Seleção ou Discriminação?

Posted: 7 de julho de 2009 às 5:49 pm   /   by   /   comments (0)

*Flávia Garbo

Em março de 2008 o Presidente da República sancionou uma lei impedindo a exigência de comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses. Isso fez fervilhar as áreas de Recursos Humanos.

Nós, com nossos perfis cuidadosamente analisados, estudados e desenvolvidos, ficamos com esta "batata quente" na mão. Mas a "batata" é mais quente do que se presume, pois este fato ressuscitou a velha polêmica do perfil por idade, sexo, e até mesmo aparência e raça. Há alguns anos trabalhei numa empresa que não contratava pessoas com barba e hoje ouço colegas comentando (cuidadosamente, é claro) sobre empresas que não contratam fumantes, obesos, enfim, o funil está cada vez mais estreito.

Se por um lado os mais inflamados se revoltam e levantam suas bandeiras contra a discriminação, por outro lado, as empresas se munem de argumentos para defender seus motivos para estas restrições. Conheci companhias que preferiam contratar pessoas bonitas, já que sua atividade envolvia atendimento ao público e, assim, aparência e apresentação dos representantes da empresa afetariam diretamente seus resultados. Outros, argumentando com planos de carreira, limitam a idade de contratação e por aí vão…

Compreendo a revolta daqueles que precisam de uma oportunidade e não conseguem por motivos que não acreditam serem relevantes, que não são valores para eles. Quando queremos ou precisamos muito de algo, é muito difícil receber a recusa, seja por que motivo for. Mas vejo uma linha muito tênue que separa a real necessidade de determinado perfil à discriminação. Também não estou certa de que isto está claro até para os profissionais de RH das empresas, pois o ser humano tem uma grande habilidade para racionalizar questões para justificar suas ações ou coisas nas quais acredita.

Eu, particularmente, me nego a acreditar que empresas, na era do conhecimento e da informação, são geridas por profissionais com mentalidade tão arcaica e medíocre ao ponto de restringir contratações baseados apenas em preconceitos fúteis, isso é tão lamentável que chega a ser inconcebível.

Assim, ao mesmo tempo em que vejo casos de perfis perfeitamente justificáveis, também vejo outros casos claros de discriminação e, nestes, creio que o profissional que se propõe a trabalhar pelas pessoas tem a obrigação ética de atuar realmente como um agente de mudanças dentro da organização.

Mas vale aqui um alerta: o fato da empresa não publicar uma restrição de perfil (seja idade, sexo, tempo de experiência ou qualquer outra) não quer dizer que ela não exista. Então, o que realmente acontece? O governo quer proteger o trabalhador com suas leis, as empresas acatam para se defenderem, mas, no final das contas, novamente é o candidato o maior prejudicado, pois perde seu tempo e dinheiro para concorrer a oportunidades para as quais, na verdade, não será aproveitado.

Por fim, de todas as partes, o mais indicado é sempre manter a razão e o bom senso.

Bom processo seletivo para todos!

*Flávia Garbo é Gerente da área de Desenvolvimento Organizacional da Luandre. Psicóloga, MBA em Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (FGV) e com experiência de16 anos na área de Recursos Humanos.