Tecnologia. E você com isso?

Eduardo Zugaib*

Sempre criamos novas tecnologias pensando em minimizar as atividades que são burocráticas, difíceis ou não prazerosas, porém que ainda precisam ser realizadas. Há algumas décadas atrás era improvável pensar o mundo como o é hoje: 24 horas interconectado, com cada vez mais raros momentos de vida off-line.

A convergência de mídias, que pôs telefone, internet, televisão e rádio dentro do bolso, nos mantém ligados a centenas, milhares de pessoas. Um avanço e tanto, para um mundo que há pouco tempo tinha a conectividade como o produto da conta que multiplicava a quantidade de fichas telefônicas que se tinha no bolso vezes a sorte de se estar próximo à um orelhão.

A mesma tecnologia que imaginamos um dia abrir tempo livre na nossa agenda não previu a mudança comportamental que viria à reboque. O senso de urgência e de pronto-atendimento a toda e qualquer demanda também foi alterado. A convergência entre as ferramentas de comunicação, por sua vez, nos catapultou numa realidade de soluções múltiplas e simultâneas. A atenção a diversos problemas e à urgência de cada um, tudo ao mesmo tempo e agora, deixou de ser uma marca exclusiva dos profissionais que um dia rotulamos como workaholics, e, gradativamente, está se tornando um pré-requisito para qualquer profissional.

Estamos em plena transição entre o homo-sapiens e o homo-digitabilis. Quem era analógico na forma, no conteúdo e na linguagem, está sendo forçado a se tornar digital, para não entrar em extinção. No meio da onda dessa mudança, ainda não temos o distanciamento histórico para avaliar o quanto ela está alterando o nosso comportamento, mas já dá pra ter uma ideia observando as gerações mais novas, que já nasceram touch-screen e com chip de fábrica.

E o que você, que já tem perfil no Facebook e smartphone no bolso, tem a ver com isso? Depende do trânsito que você quer empreender, nesse mundo novo, em assuntos como liderança, trabalho em equipe, comunicação, motivação, pertencimento, engajamento social, entre tantos outros. Assuntos que foram importantes antes da onda, continuarão sendo para sempre, porque a essência humana não muda. O maior desafio tornar os mundos on-line e off-line um mundo único. Ser uma pessoa dentro e outra fora da rede tende a ser uma das grandes receitas de loucura das próximas décadas.

*Eduardo Zugaib www.eduardozugaib.com.br é escritor, profissional de comunicação e marketing, professor de pós-graduação, palestrante motivacional e comportamental. Ministra treinamentos nas áreas de Desenvolvimento Humano e Performance Organizacional.