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Vamos fazer uma Parceria?

Posted: 26 de agosto de 2009 às 1:10 pm   /   by   /   comments (0)

*Por Nelson Fukuyama

Toda vez que ouço essa frase ou leio algum email no qual alguém está propondo uma parceria, costumo ficar com dor de estômago. Com certeza deve ser reflexo de várias experiências passadas até o momento. A gente até poderia supor que o fato de não termos sucesso nas parcerias poderia ter sido por não ter escolhido o parceiro ideal mas em todos os casos estivemos envolvidos com pessoas idôneas.

Eu mesmo estive envolvido em negociações comerciais de grande valor quando passei um tempo de minha vida como consultor de negócios. Eu posso dizer que me empenhei (como sempre) em discutir possibilidades de negócios de grande valor, pesquisando e estudando o assunto, agendando reuniões, reunindo pessoas. Afinal, se uma operação das operações fosse realizada todos ganhariam uma boa quantia considerável porque qualquer “cabelésimo” (de percentual) representava muito. Numa dessas parcerias, me lembro que tive que me contentar com uma “recompensa” pessoal; ao final de uma de uma reunião com um profissional muito respeitado, com todos os parceiros na sala, ele falou sobre a remuneração dele, do outro possível interessado no negócio. “Para o Nelson e demais”, disse ele, “a gente dá aí uns “trinta contos” que já estará sendo muito bem pago”. Era assim que funcionava dentro daquela empresa. Numa outra reunião sobre um outro negócio, os também “parceiros” se apresentaram, trocaram cartões entre si e nunca mais ouvi falar do assunto deles.

Depois que nos envolvemos com o mundo da internet passamos outras experiências. No final dos anos 90 quando iniciamos o nosso trabalho era uma prática comum buscar parceiros para os trabalhos no mundo virtual. Geralmente se envolvia muitos parceiros num negócio. Cada um concordava em participar com seu trabalho ou capital em troca de uma pequena participação. Era um compromisso para muitos anos. Se um parceiro desistisse no meio do caminho, como aconteceu com a gente, um projeto considerado interessante tinha que ser abortado.

Começamos a apresentar a nossa ideia buscando negociar parcerias com várias pessoas e empresas. Era preciso um plano de negócios, preparamos. Agendamos encontros, fazíamos reuniões, batemos em várias portas, ouvimos muitas conversas e muitas promessas. Chegamos quase a firmar parcerias com pessoas que a gente considerava idônea. Como eu disse, quase. Numa das últimas tentativas para implantar um projeto, acabei indo para reuniões fora do país, porque segundo nos disseram, seria mais fácil conseguir capital para um plano tão perfeito. Era tudo uma maravilha, o projeto, os detalhes, pena que de prático não tivemos nada.

Se decidimos continuar investindo nos nossos projetos foi porque aceitamos nos sujeitar à parcerias sem envolvimento de capital. Houve uma época que só falamos em troca de conteúdo. Com o investimento financeiro mesmo não poderíamos contar porque estávamos iniciando uma vida nova e teríamos que nos sujeitar a trocar o nosso conteúdo por exposições.

Se não tivessem sido dolorosas, essas experiências teriam sido até engraçadas em alguns momentos. Aliás, tivemos a passagem engraçada que serve bem para ilustrar esse lado cômico da matéria.

Me lembro que logo depois que realizamos o evento internacional com o cientista político Francis Fukuyama, talvez pela imagem que ficou no meio acadêmico, fomos procurados por uma pessoa que queria discutir um formato de parceria. Ele veio até o nosso escritório acompanhado de seu filho. Depois de algum tempo de conversa, começamos a falar sobre como seria uma parceria ideal. “Para nós”, eu disse, “a parceria pode ser feita com base em 98% para nós e os 2% para vocês”. Ele, certamente mais esperto que eu, respondeu:” a parceria ideal para nós, tem que ser boa para dois lados…o meu e o meu filho”.

Portanto, quando você ouvir essa frase “vamos fazer uma parceria” pense bem antes de se decidir. Antes de dar a resposta (tem uma resposta com palavras que não podem ser escritas aqui) estude e avalie se o projeto tem fundamento, se as pessoas que podem estar envolvidas são idôneas, se o resultado financeiro vai ser satisfatório para todos no devido tempo. Você vai encontrar pessoas que por terem muito recurso financeiro nem vão ficar preocupadas se não receber nada de retorno. Se esse for o seu caso, desejo sucesso nos negócios.

Nelson Fukuyama é Editor Chefe do portal Dicas Profissionais, Diretor da Yama Educacional, com experiências em diversas empresas multinacionais e nacionais.