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O ponto cego da rotina

Posted: 26 de novembro de 2012 às 3:28 am   /   by   /   comments (0)

 

Gisela Kassoy*

V. não viu errado não. Aqui a palavra é rotina mesmo, mas o termo vem de retina, que tem um ponto cego através do qual o ser humano não enxerga e nem percebe que não está enxergando.

No caso da retina, não há grandes perdas, pois um olho vê pelo outro, mas no caso da rotina a coisa fica mais perigosa, porque:

• A rotina dificulta a percepção de oportunidades, aquelas situações inesperadas que podem ser vantajosas.

• Escravos da rotina não conseguem visualizar e muito menos implementar inovações.

• A rotina impede a percepção de erros. Um exemplo: se na sua sala há um quadro pendurado de forma meio torta, seu cérebro se acostuma com essa imagem e nem nota mais. Já uma visita vai perceber na hora.

• A rotina embota o pensamento. Quanto mais praticamos ações rotineiras e/ou repetimos as mesmas coisas, mais difícil fica para o cérebro pensar de forma diferente.

• A rotina desmotiva, é entediante, não gera desafios.

• A rotina, além de ser inevitável em certas situações, tem lá suas vantagens: já pensou ter que recriar todo dia a forma como V. escova os dentes, o percurso para chegar ao trabalho e os procedimentos para acessar sua conta bancária pela internet?

Mas então, como manter a mente em exercício constante para garantir os benefícios de um cérebro alerta e criativo?

Dois caminhos devem ser seguidos:

Sair da Rotina

Fugindo da rotina encontramos ideias em outros universos que podemos adaptar a nossas necessidades. Costumo utilizar o Turismo Criativo, formas de estimular a percepção, a ver diferente.

Alguns workshops que realizo incluem visitas a lugares inéditos dos quais seus participantes voltam com novos pontos de vista e novas ideias. Se V. quiser exercitar a mente com atos simples, sugiro:

• Visite lugares diferentes. Se estiver morto de cansaço, assista a um programa de TV que nunca havia assistido antes ou visite novos sites da Internet . Mantenha uma visão de antropólogo, não julgue nada, veja tudo como uma curiosidade.

• Faça atividades diferentes. Mude de hobbies, invente programas diferentes para seu lazer. Experimente ser aprendiz, errar e inventar.

• Converse com pessoas cujo cotidiano não tem nada a ver com o seu. A tecnologia nos permite conversar com quem quisermos em qualquer canto do mundo, mas nos afastou de vizinhos, familiares ou quaisquer pessoas que não sejam de nossa tribo. Mas é conversando com gente diferente que as pessoas abrem a mente para entender seus clientes ou outros interlocutores extremamente importantes.

Veja a Rotina Com Novos Olhos

Há inúmeros exercícios para ver o igual de forma diferente, costumo aplicá-los em workshops de geração de ideias. Seguem algumas dicas que são a base desses exercícios:

• Quando um ator automatiza sua fala, a emoção vai embora. Atores de teatro sempre mudam algum detalhe de sua fala ou movimento só para se manterem em estado de alerta. Faça o mesmo.

• Experimente olhar para algo rotineiro como se o estivesse vendo pela primeira vez. V. descobrirá detalhes incríveis.

• Fuja da frase “isso é igual a…”. Ao considerar que uma situação, uma ideia ou uma pessoa são iguais (ou parecidas) com uma situação, ideias ou pessoa já conhecidas, V. coloca tudo numa vala comum e perde as pequenas diferenças que fazem a diferença.

• Para um bebê ver seu pai andar pode parecer tão óbvio ou tão mágico quanto vê-lo voar. Com dois anos de idade, qualquer criança já sabe que seu pai não voa. Ou seja, as pessoas acreditam que sabem tudo o que não vai dar certo. Recomendo um pouco desse olhar de bebê. Pode ser que algumas coisas passem a dar certo…

Profissionais valorizados são os que aprendem com as diferenças, tem sede de informações, quebram paradigmas, criam e inovam. Apesar de e muito além da rotina.

*Gisela Kassoy www.giselakassoy.com.br é formada em Comunicação Social e em Metodologia do Ensino da Criatividade pela Creative Education Foundation da Universidade de Nova Iorque. Atua com consultoria, seminários e palestras sobre Criatividade, Inovação e Transformações Organizacionais.

**Do Editor