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Artigos

A criatividade na vida profissional

Posted: 3 de julho de 2009 às 1:01 pm   /   by   /   comments (0)

Nelson Fukuyama*

Todo mundo sabe que a criatividade tem uma importância fundamental na nossa vida e todos conhecem muitos exemplos em que ela ajudou a mudar a história de um ambiente, de uma comunidade, de uma organização e por conseqüência das pessoas relacionadas.

Nós somos sempre exigidos a criar quando estamos desenvolvendo um projeto, quando estamos concretizando um negócio, quando estamos dando uma informação, quando estamos tomando uma decisão, e sabemos que isso irá trazer uma contribuição para a empresa e para a nossa carreira. Há um espaço enorme para contribuir com a nossa criatividade tanto em pequenos projetos quanto em grandes projetos.

Há momentos em que a nossa participação com qualquer ideia parece tão simples que nem temos a noção de como ela pode significar muito para a execução de um empreendimento. Costumeiramente nos intimidamos e nos excluímos de participar ou dar uma sugestão por vários motivos, pensando que um assunto ou um procedimento, por ser adotado há tanto tempo, já tenha sido avaliado/discutido por tanta gente com competência. Mas tem horas que precisamos nos manifestar porque nem sempre essa impressão é verdadeira. “”Falar qualquer coisa que vier à cabeça, sem medo de errar por expor, depois se avalia se pode ser útil ou não””, esse era o nosso acordo em uma empresa multinacional durante a difícil e complicada fase de construção de uma fábrica no Brasil. Essa postura foi muito útil para nós num momento em que precisávamos ter uma área de pelo menos 10.000 m² prontos para uso num prazo curtíssimo, em um período em que chovia muito e todo trabalho feito no local precisava ser retrabalhado. “”Vamos cobrir com uma lona ou um plástico as perfurações no solo para evitar que voltem a ser inundadas pela chuva””, eu arrisquei dizer durante uma reunião. Essa e outras tantas ideias simples foram sendo discutidas com a empresa responsável por aquela construção. E essa prática de se expressar tudo o que vier à cabeça, com as devidas reservas, pode ser útil em muitas situações.

Outro exemplo que me vem à memória, que pode ilustrar bem como a gente se engana quando pensa que dentro de uma empresa tudo já está pensado e que uma situação está totalmente sob controle, pode ser um caso que conhecemos recentemente na Holanda. Lá, uma empresa responsável pelo trânsito local (que naturalmente teria um corpo técnico experiente) divulgou um anúncio procurando ideias criativas para solucionar um problema de trânsito sobre os canais, uma vez que as pontes móveis existentes estavam construídas em três partes e ao serem movimentadas criavam muito engarrafamento no trânsito. Uma ideia criativa e inovadora foi apresentada por um jovem profissional e propunha que se as pontes móveis fossem construídas em duas partes haveria maior agilidade na sua movimentação. Essa recomendação adotada pela empresa gerou ótimos resultados para o trânsito e até mesmo para o jovem profissional que recebeu um prêmio pela sua ideia inovadora. Aliás, gostaria de recomendar a visita ao site da Battle of Concepts do Brasil (www.battleofconcepts.com.br) que divulga vários desafios aos jovens profissionais e você pode até ganhar um prêmio em dinheiro com ideias criativas.

A maior barreira para a gente manifestar é acreditar na força que se opõe a uma ideia criativa e inovadora. Pode-se dizer “”para quê eu vou me preocupar se as pessoas vão criar impecilhos, vão me criticar?””. De fato, toda ideia criativa, toda ideia que apresenta inovação, nem sempre encontra o apoio geral quando apresentada, mas, pelo contrário, encontra na maioria das vezes uma série de dificuldades a começar pelo convencimento de outras pessoas, quando não da própria pessoa que a idealiza, antes da fase de implantação. Fora toda a burocracia que existe em todas as fases até que o projeto se complete.

Para ilustrar, vamos tomar o exemplo do monumento do Cristo Redentor na cidade do Rio de Janeiro, que é uma coisa tão costumeira hoje que pode até passar despercebido por nós no dia a dia. Mas, já imaginaram a foto da cidade do Rio de Janeiro sem a imagem do Cristo Redentor lá no alto do Morro do Corcovado? Certamente que a cidade perderia um pouco de sua identidade e de como ela é reconhecida mundialmente especialmente porque a imagem é uma das Sete Maravilhas do Mundo atual.

Mas, nem tudo foi fácil para o padre que apresentou a ideia de erguer um monumento religioso no Morro do Corcovado. Lendo mais detalhes, podemos saber que logo após idealizar o projeto, o padre foi pedir recursos para a Princesa Isabel, ela negou e o projeto parou. Quando foi retomado, 31 anos mais tarde, houve uma nova discussão para determinar onde seria construída a imagem, ou no alto do Pão de Açúcar, ou no Corcovado ou no Morro de Santo Antônio. Foi lançada a pedra fundamental da construção, e somente quatro anos depois foram iniciadas as obras. No meio tempo, aconteceu a escolha do engenheiro responsável pelo projeto através de concurso, este foi para a Europa para escolher o arquiteto responsável pelo desenvolvimento da maquete definitiva da imagem e estudar os problemas de construção e base e a Igreja Católica iniciou uma campanha para arrecadar contribuições para a construção. A estrutura da imagem, que foi idealizada em estrutura metálica, foi alterada para uma estrutura de cimento armada e a imagem assumiu a forma de uma cruz.

Não sei se ele estava vivo quando o monumento foi inaugurado 72 anos depois, no ano de 1931, mas o fato é que o resultado da sua criatividade demorou a chegar e certamente deve ter saído de uma forma diferente do que ele tinha imaginado.

De tudo o que eu tentei passar aqui, vale a pena usar a nossa criatividade, independentemente se a nossa proposta vai ser aplicada ou não. Uma simples ideia pode transformar muitas coisas no seu devido tempo.

 

*Nelson Fukuyama é Diretor da Yama Educacional, com experiências em empresas multinacionais e nacionais, vai refletir na próxima semana sobre como se tornar insubstituível dentro de uma organização