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Dificuldade com inglês torna brasileiro menos competitivo
Adriana L. Albertal*
Uma soma de fatores faz do Brasil um país pouco competitivo na economia global, sendo que a existência de profissionais desqualificados é um dos principais pontos fracos. Quando se fala em competitividade internacional, o domínio do inglês é considerado básico, porém apenas 5% da população tem algum conhecimento sobre o idioma.
Recentemente, o Fórum Econômico Mundial colocou o Brasil em 57º lugar no ranking que avalia a competitividade global de 144 países. Entre os diferentes fatores que justificam a performance negativa, estão questões tributárias, regulamentações trabalhistas, falta de infraestrutura, processos burocráticos, mão de obra pouco qualificada, entre outras questões.
O problema da qualificação profissional não se refere apenas às características do sistema de educação, mas também a falta de direcionamento para um ensino que prepara jovens para um mercado multifacetado, onde dominar idiomas, especialmente o inglês, é quesito básico. Neste ponto o brasileiro está defasado. Quem comprova isto é o Indice de Proficiência em Inglês da EFEducationFirst, empresa de educação internacional que promove um estudo anual que se tornou referência. Em 2014, o Brasil manteve-se na 38ª posição em uma lista que avalia 68 países, ficando atrás de Peru e Argentina.
Oferta de ensino
A oferta de idiomas, logo nos primeiros anos da vida escolar, é uma realidade na maioria das escolas particulares. Além delas, há uma vasta oferta de cursos em redes especializadas, que atuam com as mais diferentes metodologias e perfis de investimento. Para ter uma ideia, o mercado de escolas de idiomas está entre os que mais crescem segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), tendo expandido 12% em 2014, enquanto o setor de franquias como um todo, incluindo áreas como alimentação, serviços, vestuário e turismo, cresceu 7,7%.
Mas se a oferta do idioma é cada vez mais ampla, por que o brasileiro continua sendo tão mal avaliado?
A partir da experiência na Seven Idiomas, que implanta programas bilíngues certificados em colégios, é possível identificar que a falta de investimento em metodologias atualizadas e eficazes e na capacitação de profissionais é a explicação mais plausível. Embora os colégios ofereçam o ensino aos alunos, raramente o profissional responsável pela área está bem preparado. O problema se repete nas redes de escolas de idiomas, que, apesar de serem especializadas nisso, crescem sem um planejamento de desenvolvimento sólido, para garantir a presença de professores qualificados em todas as suas unidades. Soma-se a esses fatores o fato de o país não ter uma cultura de incentivo ao aprendizado do inglês, sendo que o ideal seria aprender o idioma quando criança para depois aprimorar o nível de proficiência.
Como gestores educacionais, responsáveis por gerar os bons resultados que o país precisa, como planejaremos a mudança que viabilizará melhorar essa realidade? Acredito que esta pergunta deve ser feita dentro de cada escola para que o problema seja encarado de frente. Esta será a única maneira de implementar novos processos e gerar mudanças.
*Adriana L. Albertal é diretora da Seven Educacional, área da Seven Idiomas que implanta programas bilíngues certificados por Cambridge English em colégios e universidades.Este artigo foi publicado anteriormente no portal Carreira&Sucesso da Catho Online.