Com um limão, faça uma limonada

por Nelson Fukuyama*

Há momentos em que um profissional é submetido a verdadeiros desafios e tem que passar por eles sem contar com um mínimo de recurso, humano, estrutura e financeiro e colaboração de outras pessoas.

O lado bom da história é que após superá-los, você poderá ouvir comentários, elogiosos, claro, do tipo “parabéns! Eu dei a você um limão e com ele você conseguiu fazer uma limonada”.

Talvez você já tenha passado por algum desafio desse tipo que exigiu muito de você e que espero que tenha se saído bem. Caso ainda não tenha tido essa experiência antes, vale a pena lembrar que em situações assim você terá que buscar meios para conseguir resolvê-los, mesmo ouvindo de outros colegas que não há solução e que nem adianta tentar porque outros profissionais já falharam.

Só para exemplificar, vou contar uma experiência pessoal.

Certa vez fui conversar com um meu ex-diretor para mostrar-lhe meu perfil atualizado e quem sabe conseguir algum trabalho temporário. Depois de avaliar esse perfil ele me disse que me não tinha nenhum trabalho em vista exceto, se eu quisesse me envolver na busca de uma solução para um problema que outros profissionais da empresa já tinham definido como impossível. Perguntei de que se tratava e quanto eu ganharia nesse trabalho, brincando. Ele me disse que nem havia como falar em remuneração por um percentual sobre o valor da operação pois ele era muito grande. A seguir, ele esboçou em uma folha de sulfite o problema que surgira e suas implicações. Ele ainda reforçou: “nem adianta ir procurar os demais colegas que você conhece bem” ele disse “porque eles já disseram que não há solução para isso, que isso é impossível”.

Bom, deixei que ele falassse, saí da sua sala, ainda teimei em falar com outro profissional que também estava cuidando do assunto e ele até ficou espantado que o ex-diretor houvera me exposto essa problema e sugerido que eu estudasse, porque para ele e outros isso era impossível.

Saí da empresa, sabendo disso e logo fui buscar fundamentos na legislação em livros que tinha e que não tinha. Foi após uma semana de consultas e ideias, quando o ex-diretor me ligou dizendo que iria sair de férias e se eu tinha alguma ideia. Se não tivesse, não teria nenhum problema, pois eu poderia ter outra oportunidade no futuro. Eu disse a ele que tinha sim uma proposta de solução e que gostaria de apresentar a ele mas pessoalmente, no que ele concordou.

Na verdade, durante as minhas buscas e análises eu tinha juntado vários textos e fontes que tratavam do assunto não forma direta mas de forma análoga, ou seja, eu não tinha ainda exatamente formado uma ideia final. E isso aconteceu em questões de segundos após eu ter falado com ele e agendado a reunião para apresentar a proposta. Foi quando eu pedi a Deus em oração que me desse a orientação necessária para juntar todas as possíveis soluções e que eu não queria perder aquela oportunidade de apresentar um bom trabalho. E, no que eu chamo de milagre, ao ler novamente o texto que tratava do assunto na legislação, eu reparei em duas palavrinhas que passaram a fazer muito sentido em toda a situação e foi aí que eu marquei com uma caneta para apresentar mais tarde na reunião.

Quando cheguei na sala do ex-diretor falei sobre o meu achado e mostrei-lhe o texto com a minha marcação. Quase espantado ele pediu à sua secretária que lhe trouxesse também o seu manual para conferir se estávamos falando a mesma coisa.

Para minha alegria ele me disse “Nelson, você matou a charada. Parabéns! De um limão você conseguiu fazer uma limonada”.

Bom, posso dizer que tudo o que aconteceu depois com relação ao assunto foi uma consequência da minha “descoberta”. Para a empresa deve ter valido muito. Para mim, pelo menos pessoalmente, valeu a pena, nem tanto pela remuneração recebida.

Espero que essa experiência possa servir de modelo para você quando tiver que buscar a solução para um “problemão” no seu dia a dia, sem poder contar com recursos necessários, tendo muitas vezes que usar sua criatividade, deixando de lado comentários e ironias que visam desmotivar seu trabalho.

* Nelson Fukuyama é Editor Chefe do portal DicasProfissionais e Diretor da Yama Educacional. Todas as suas matérias refletem as suas experiências profissionais presenciadas durante anos como consultor e executivo de empresas nacionais e multinacionais.

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