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Depressão profissional: a culpa é das empresas!

Posted: 19 de outubro de 2020 às 10:00 am   /   by   /   comments (0)

Nelson Fukuyama*

Certamente você já ouviu falar de alguma pessoa conhecida sua, seja colega de trabalho ou familiar, que foi consultar um médico e após relatar o seu problema de saúde, ouviu o diagnóstico “o que você está sofrendo é a Síndrome de Burn-out”…

Claro que depois de um diagnóstico desse, a pessoa “pira” e como primeira reação passa a buscar a causa do problema, ainda no consultório médico.

Médico e paciente discutem juntos uma série de possíveis motivos e naturalmente concluem que a culpa é do paciente. Seguem as recomendações médicas: “pare de se preocupar tanto com o que acontece no dia-a-dia, relaxe, pratique alguma atividade física, tome tal medicamento, ou calmante, vá com calma”. Ou ainda: “relaxe, vivemos momentos de tensão e ansiedade com tudo o que nos rodeia; é a pandemia”…e por aí vai.”

É justo afirmar que a maioria das pessoas tem problemas com a ansiedade, e com justa razão. Mas, a coisa complica quando se descobre um outro motivo: “você está sendo vítima do excesso de cobrança por resultados”.

“Sabe”, diz o médico, “dentro da empresa, a pressão começa pelo presidente, que descarrega no diretor, que repassa para o gerente, que desconta no supervisor, que transmite para o funcionário, que não tem em quem descontar , repassa para a família…(e eu emendo, que não tem em que descontar, descarrega no seu petizinho).

Aqui é que eu quero deixar uma reflexão.

Eu tenho minha opinião, por experiência própria no passado e relatos do momento presente que a grande culpada pelos sintomas da Síndrome de Burn-out é a cúpula da maioria das empresas.

Não basta apenas exercer pressão por resultados, especialmente nesse momento complicado que vivemos. A pressão deve existir, mas, claro, de forma moderada.

Antes de tudo, é preciso que a cúpula assuma a sua responsabilidade. Com essa história de ficar simplesmente repassando verticalmente a pressão, muitas empresas estão deixando que se preocupar em estabelecer o devido planejamento de atividades, de proporcionar condições de trabalho adequadas para seus funcionários/colaboradores.

Afinal, onde fica a tão invocada e exigida inteligência emocional dos dirigentes? Só vale para as salas de treinamento ou pela menção honrosa e certificados pendurados nas paredes?

Para concluir, fica a minha recomendação que as organizações revejam os seus padrões de relacionamento com os seus funcionários/colaboradores, de novo, especialmente neste momento de pandemia, levando em conta que esses são seres humanos, sujeitos aos mesmos questionamentos e com as mesmas falhas ao reagir aos efeitos da pressão que todos passamos. Assim evitarão se tornarem carrascos nas suas vidas e, por consequência, de seus familiares.

É claro que está é uma análise que pode ser considerada superficial, mas temo que seja a grande realidade.

*Nelson Fukuyama é Fundador e Gestor do Dicas Profissionais, para o qual escreve artigos com base em suas experiências profissionais.

Imagem de Engin Akyurt por Pixabay