E se você for indicado o salvador da pátria, que fará?

Nelson Fukuyama*

Tem situações em que a gente se envolve nas quais acaba “assumindo a obrigação” de ter que resolver um problema gerado por terceiros, colegas de trabalho ou não. Vou dar alguns exemplos.

No futebol. Sabe aquele time que vive perdendo e dá a impressão de que só sobrevive tentando sair da zona de rebaixamento? A torcida reclama da diretoria, que reclama do técnico que reclama do time que reclama da torcida. Ninguém tem competência. Até que, de repente, a diretoria anuncia contratação de um craque, um famoso craque. Por um momento parece que o problema está resolvido. Só se fala nesse tal, é ele que vai dar os gols que a torcida reclama e o clube merece, ele é que vai salvar o time de uma vez por todas. Infelizmente, sabe o que tal salvador faz? Quem acompanha o time depois de vários jogos começa a reclamar de novo, especialmente do tal salvador, que não resolveu o problema do time e do clube, e em alguns casos, até piorou ainda mais a situação.

No governo. No entra e sai de ministro disso ou daquilo, aparece um que foi nomeado e que parece que vai dar um jeito na situação. “Eu vim para resolver a situação”, diz ele, “eu tenho a solução para o país”, continuando o seu discurso de posse. Pena que passado algum tempo a situação continua a mesma, quando não piora, e o tal salvador da pátria vai para a geladeira, ou frigideira, sendo deixado de lado.

Você pode conferir exemplos assim dentro da empresa, no dia a dia de atividades, basta ficar atento. Há sempre uma situação complicada em que é exigida a presença de um salvador. Pode ser uma negociação que foi iniciada de uma maneira menos apropriada e que corre o risco de ser abortada ou que parece se complicar mais a cada dia que passa. É um contrato que fica sendo negociado por vários dias, até meses, por causa de indecisão dos profissionais quanto a algum aspecto operacional. É uma disputa interna entre os profissionais de alguns departamentos. São várias possíveis situações e em uma delas você pode ser eleito o salvador da pátria.

E não é que tem gente que gosta desse papel? Você deve conhecer alguém com esse perfil no ambiente de trabalho. Gente assim gosta de ficar divulgando para todos que graças a ele conseguiu-se um resultado satisfatório em um determinado negócio ou atividade. Ah! se não fosse ele…Eu me lembro de uma experiência pessoal em uma empresa na qual trabalhei. Havia um coordenador de equipes que se achava o tal salvador da pátria. Tudo era motivo para ele se sentir o tal salvador. Se uma equipe de trabalho não conseguia identificar algum ponto de recomendação interessante durante o trabalho de campo, ele se sentia na obrigação de exigir mais detalhes da equipe até encontrar algum fato interessante, mesmo que demandasse tempo. Assim ele se sentia (e dizia) o salvador do trabalho, graças a ele o trabalho apresentou algum resultado.

Agora, fora todo o fator cômico causado por uma situação assim, o que VOCÊ faria se fosse indicado para ser o salvador da pátria? Estaria preparado. Muito bem, você deve estar sempre consciente de ter que desempenhar um papel desses, afinal, na vida profissional sempre há situações inesperadas. Tem gente que enfrenta bem. Consegue dar uma reviravolta em uma situação complicada a favor de sua empresa e que pelo fato de ter se saído bem consegue bons frutos para sua vida profissional como reconhecimento, promoção ou aumento salarial. Mas tem gente que não se sente bem diante de um desafio como esse. Talvez por vislumbrar o futuro, pesar vários fatores e chegar à conclusão que poderá sair perdendo pontos se tentar se envolver em uma situação controversa ele prefere se omitir definitivamente, chegando a ponto de se desligar de uma empresa.

Como se pode ver assumir o papel de salvador da pátria não é para qualquer profissional. É um verdadeiro desafio e só quem estiver bem preparado deve se apresentar para enfrentá-lo.

*Nelson Fukuyama é Editor Chefe do portal DicasProfissionais e Diretor da Yama Educacional. Todas as suas matérias refletem as suas experiências profissionais presenciadas durante anos como consultor e executivo de empresas nacionais e multinacionais.

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