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Egoless, ou, como lidar com a arrogância

Posted: 1 de setembro de 2017 às 6:00 am   /   by   /   comments (0)

Marco Fabossi*

Os alunos lotaram o anfiteatro da universidade para assistir aquele famoso palestrante. A expectativa era tão grande que a universidade reservou as três primeiras fileiras para os docentes, dentre os quais estava uma antiga e respeitada professora que, por essas coincidências da vida, sentou-se ao lado do lugar reservado ao palestrante, na primeira fileira.

Assim que ele chegou, a professora cumprimentou-o com entusiasmo e cordialidade, mas ele manteve-se frio e formal. Ela então esperou alguns segundos, voltou-se novamente para ele e elogiou o seu trabalho, os seus livros e os seus artigos. E ele, sem dar-lhe a devida atenção, demonstrando certa impaciência, apenas respondeu:

– Minha senhora, é por isso que esse anfiteatro está lotado – E direcionou sua atenção para o mestre de cerimónias que estava anunciando-o e lendo o seu extenso e notável curriculum.

Sob aplausos, altivo e com olhar determinado, o palestrante subiu ao palco, cumprimentou a plateia com um formal “Boa Noite”, e iniciou sua palestra que durou aproximadamente uma hora. Após uns vinte minutos, algumas pessoas começaram a deixar o anfiteatro e, ao final, mais da metade delas já havia saído. Quando terminou, poucos entenderam que a palestra havia encerrado, e timidamente alguns aplaudiram enquanto um certo ar de decepção envolvia a plateia e o próprio palestrante, que cerrou os lábios, agradeceu a presença de todos, abaixou a cabeça, desceu as escadas e sentou-se novamente ao lado da professora.

E ainda com a cabeça baixa, ele virou-se para ela e disse:

– Eu não sei quem você é, mas me desculpe por tê-la tratado com tanta arrogância.

A sábia professora então sorriu gentilmente, e respondeu:

– Não tem problema. Apenas espero que você tenha compreendido que se tivesse subido ao palco com a humildade com a qual desceu, certamente teria descido com o orgulho com o qual subiu.

Quando satisfazer o próprio ego torna-se a principal motivação de um profissional, independentemente da área de atuação, inicia-se um processo de involução pessoal e profissional que, ancorado na arrogância, traz enfraquecimento, decadência e empobrecimento para a própria pessoa e para todos os que estão à sua volta.

Quando a arrogância entra em campo, perde-se a habilidade de reconhecer os próprios erros e de aprender com eles; a opinião de outras pessoas deixa de fazer qualquer sentido ou diferença; deixa-se de aprender porque nos tornamos autossuficientes, enfim, quando a arrogância prevalece, o ego sobrepõe a inteligência.

Se quisermos verdadeiramente tornar nos melhores profissionais, líderes, pais, mães, amigos, enfim, melhores seres humanos, precisamos ser um pouco mais “egoless”; precisamos aprender com Aquele que disse: “…o maior de vocês deve ser aquele que serve”, entender que somos uma pequena e impermanente parte do universo, e permitir que a humildade e o serviço façam parte de nossa vida.

Por isso, busque permanecer ensinável; foque naquilo que você pode aprender, em vez de tentar mostrar o que você já sabe. Lembre-se que muito do que você sabe foi-lhe ensinado por outros. Ouça mais; busque escutar e compreender verdadeiramente o que os outros estão dizendo (além das palavras). Faça mais perguntas. Aprecie as pessoas; valorize a contribuições delas. Não silencie as ideias ou apenas defenda o seu território. Incentive os outros a dar sua opinião. Prefira ser feliz à ter razão; deixe ir a necessidade de estar sempre certo ou de ganhar apenas. Demonstre humildade e grandeza.

Um Grande Abraço,

*Marco Fabossi, Sócio-diretor da Crescimentum – Alta Performance em Liderança, é Conferencista, Consultor, Coach Executivo e Coach de Equipe, com foco em Liderança e Coaching. Graduado pela FEI, com especialização e MBA pela Fundação Getúlio Vargas. Autor do Livro “Coração de Líder – A Essência do Líder-Coach”. Criador e Mantenedor do Blog da Liderança www.blogdofabossi.com.br