Fui demitido por telegrama. É certo isso?

Nelson Fukuyama*

Trabalhei por muitos anos em uma empresa multinacional que era uma empresa que sempre pagava bem seus funcionários e dava uma série de benefícios. Todos aqui queriam trabalhar nessa empresa. Nos últimos anos, nós notamos algumas mudanças, para pior, na maneira como eles passaram a tratar todos nós, seus funcionários. Cortaram muitos benefícios. Diziam que iria melhorar, mas, no mês passado, tive a surpresa de ser demitido por telegrama. A gente até entende a demissão, mas demitir por telegrama já é demais. Está certo isso?”

Nos últimos anos a gente vem observando que algumas empresas, e não importa o porte, têm adotado formas diferentes de demitir um colaborador. Há alguns anos um ministro do governo federal foi demitido por telefone enquanto estava em viagem fora do país. Outras empresas optaram por realizar demissões por telegrama, cartas ou emails, ou ainda, por telefone.

A surpresa desse leitor do Dicas profissionais tem fundamento.

Certamente que em um momento constrangedor, tanto para a empresa como para o seu funcionário, a forma mais humana de se realizar uma demissão deveria ser a forma clássica: e empresa faria uma explicação dos motivos da demissão, agradeceria pelo trabalho prestado, o colaborador agradeceria a oportunidade, assinaria uma carta de demissão. Dependendo o nível do funcionário, a empresa ofereceria um serviço de recolocação, ofereceria um plano de saúde, por exemplo, por determinado tempo. E tudo acabaria, vamos dizer, “numa boa”.

Mas, ultimamente parece que não tem sido assim. Talvez, a opção adotada pelos executivos dessas empresas, de demitir à distância, pode ser explicada pelo fato de demitindo à distância não há o constrangimento de ter que enfrentar “cara a cara” o seu colaborador.

Então, o quê fazer?

Para mim, a melhor maneira de encarar uma situação dessas é reconhecer que esse ou aquele modo de demitir é uma opção da empresa. Então, embora nem sempre seja possível aceitar bem, sem se decepcionar com tudo e com todos, a melhor maneira é, se possível, enviar uma carta ao seu chefe ou ao RH, agradecendo a oportunidade que a empresa deu, e deixar a porta aberta para futuros contatos.

É possível?

*Nelson Fukuyama é Editor-Chefe do portal Dicas Profissionais e também Colunista dos portais Carreira&Sucesso da Catho Online, Revista Atitude Empreendedora e Administradores.com para os quais escreve sobre as suas experiências como consultor e executivo de empresas nacionais e multinacionais.