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O corpo diz muito mais que a fala
Marcos Gross Scharf*
Em uma entrevista de emprego o candidato estuda minuciosamente “as palavras” que utilizará diante do empregador. Em uma corporação, o gestor abre o encontro explicando e distribuindo “os textos” que pautarão a reunião. Na sala de aula, o professor abre o livro e começa a “verbalizar” aos alunos as ideias que estão contidas na obra.
As três situações citadas possuem algo em comum: são comunicações do cotidiano centralizadas somente nas palavras e nos seus possíveis significados.
Na maioria das vezes negligenciamos outras esferas da comunicação humana como a linguagem corporal, as expressões faciais e o tom de voz. Albert Mehrabian confirmou nas pesquisas de laboratório de psicologia da UCLA (Universidade da Califórnia) que a comunicação humana face a face possui a seguinte composição:
-55% é não verbal;
-38% acontece pelo tom de voz;
-7% é verbal.
Quando dirigimos a palavra a alguém e nos concentramos na mensagem enviada, estamos expressando somente uma pequena fração da totalidade da comunicação. Esquecemos que o tom de voz pode alterar drasticamente o teor da mensagem. Há tons de voz delicados, severos e irônicos. Um “Bom dia” dito com sarcasmo pode gerar sentidos diferentes de uma simples saudação matinal. O tom de voz do “chefe” costuma ser diferente da tonalidade dos subordinados; assim como é discernível o tom de voz das pessoas que estão apaixonadas, mal-humoradas ou estressadas.
Na entrevista de emprego sabemos que, além das palavras, o RH analisará a postura, o olhar, o aperto de mão, o vestuário, o perfume, o hálito e o conjunto de movimentos do candidato. Na reunião de trabalho, todos estarão de olho nos sinais corporais enviados pelo líder e deverão se adaptar às mensagens transmitidas. Na sala de aula, o professor comunicará o tempo todo mensagens não verbais aos alunos: revelará com o corpo e o rosto sua satisfação ou desaprovação com a classe, fornecendo significativos feedbacks para a turma.
Explorar as três esferas da comunicação aumenta a possibilidade de sermos bem-sucedidos e compreendidos em nossas mensagens. O alinhamento das palavras, tons de voz e gestualidade neutraliza ruídos na informação, expressa com clareza a intenção do emissor e colabora para estreitar relações e parcerias com diversos interlocutores.
Confirmando a velha máxima: “comunicação não é somente o que você fala, mas o que o outro entende”.
*Marcos Gross Scharf www.mcgross.com.br é Diretor da McGross Treinamento e Consultoria,Doutorando, Mestre e especialista em Gestão de comunicação.Este artigo foi publicado originariamente no portal Carreira&Sucesso da Catho.