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Por que sobram vagas nas empresas se falta trabalho para os profissionais?

Posted: 24 de fevereiro de 2016 às 10:21 am   /   by   /   comments (0)

Waleska Farias*

São recorrentes as reclamações nas empresas quanto à falta de profissionais qualificados no mercado de trabalho. Em contrapartida é crescente o número de profissionais com qualificações, capacitações e especializações diversas pleiteando oportunidades de trabalho sem obter sucesso. Há algo de errado nesse esquema. Por que nossos profissionais desejosos por colocar em prática seus conhecimentos e experiências estão sendo absorvidos por empresas estrangeiras, como alternativa de trabalho?

Um artigo, “Barrados na porta” de Miriam Leitão, escrito há algum tempo atrás ilustrou bem o caso quando citou: “As empresas reclamam de apagão de mão de obra. Brasileiros qualificados procuram emprego. São barrados por não terem experiência, ou por serem mais velhos, ou por não passarem nos burocráticos padrões de recrutamento. E as empresas perdem chance por discriminar.”

É fato que, nos dias de hoje, os jovens dedicam mais tempo aos estudos, deixando a busca por oportunidades de emprego para depois. Essa prática já sugere um obstáculo inicial, pois as empresas estipulam um tempo certo e a idade ideal para que o jovem profissional inicie suas investidas no mercado de trabalho.

Segundo dados da pesquisa para o artigo: Um dos entrevistados disse que aos 29 anos foi declarado “velho” numa seleção. Alguns se formaram num período em que o mercado de trabalho estava pior no Brasil. Foram para fora, hoje tentam voltar e não conseguem, apesar das habilidades valiosas adquiridas no exterior, entre elas, o domínio de idiomas.

Outro é técnico em informática, com experiência em empresas no Brasil e em Portugal. Procura diariamente emprego e não encontra. O que está errado com ele? Dizem que é a idade: tem 45 anos. Uma entrevistada de 28 anos e formada em marketing há seis anos, durante esse período, está procurando emprego. Cadastrou-se num site especializado que enviou suas informações para 7.234 empresas. Recebeu três retornos, mas acabou ouvindo, sempre, o desanimador: “você não tem o perfil”.

Na mesma situação, outro entrevistado formado em publicidade, com MBA na FGV, mas não consegue o primeiro trabalho. Dizem que ele não tem experiência. Com base no mesmo artigo: “no Twitter, vários nos informam que as empresas em geral exigem 35 anos como idade máxima. Muita gente não consegue sequer enviar currículo porque as empresas estabelecem essa idade como limite. Quem tem 37 anos já seria “velho”.

Alinhando as constatações à premissa de Einstein que diz que “O saber é vivencial”, o que sobra como alternativa para alguém que têm como trunfo o conhecimento conquistado ao longo dos anos de experiência? E o que dizer àqueles que se dedicaram a conquistar o conhecimento técnico para adquirir maior valor ao ingressar no mercado de trabalho, mas ultrapassaram a “idade ideal” para estagiar, conforme os exemplos acima?

Há algo de errado nessa equação. A soma não fecha. Tempo de Experiência X Idade Mínima X Conhecimento Técnico X Habilidade Social X Idade Máxima X Chancela Acadêmica…

Quanto vale o conhecimento prático adquirido? A habilidade de relacionamento interpessoal pelo tempo de vivência no campo profissional? E aos que optaram por embasar-se melhor tecnicamente antes de ingressar nas empresas e fugiram à “idade ideal” para estágio”? O que fazer para conquistar o perfil ideal demandado pelo mercado de trabalho?

São várias as observações por parte dos profissionais ressaltadas no artigo:

— “As empresas querem um profissional pronto, assim fica difícil encontrar alguma coisa.”
— “Já tentei negociar salário, mas há muita discriminação contra a idade.”
— “Se os recrutadores dessem retorno, eu poderia saber em que estou errando.”
— “Às vezes dizem que sou muito qualificado para a vaga.”

E por fim, uma observação de um dos entrevistados que sintetiza parte da problemática vivida: “As empresas querem um profissional pronto, assim fica difícil encontrar alguma coisa.”Realmente, esse padrão de comportamento vai formando o estigma do “modelo ideal”, onde no final das contas, todos saem perdendo. O resultado atual reflete bem o caso: Sobram vagas e Faltam empregos.

Como bem arrematado por Miriam Leitão: Hoje, já se sabe que a diversidade é elemento essencial para a formação de uma boa equipe. O Brasil está reclamando de apagão de mão de obra com oito milhões de desempregados.”

Urge nos preparar para o crescimento esperado sob o risco de perdermos oportunidades. É primordial que expectativas e necessidades envolvidas no processo sejam alinhadas. A “situação ideal’ nos distancia da realidade. A melhor saída é fazer o custo/ benefício da situação e adequar o cenário atual à nossa realidade.

*Waleska Farias www.waleskafarias.com.br. Coach e Consultora de Carreira e Imagem. Professora convidada dos cursos de formação de valores e padrões de conduta no CADEMP – FGV. Palestrante CONAR-RH. Colunista dos Blogs HSM, Exame e Revista Versatille dentre outros. Consultora de carreira e imagem do quadro Transformação do Programa TV Xuxa na Rede Globo de Televisão. Especializações: Formação acadêmica e cursos de extensão: Pós graduada em Teoria Psicanalítica e Práticas Institucionais. Graduada em comunicação social com especialização em relações públicas e marketing. Formação em Coaching Integrado – Coaching Executivo, Life Coaching e Quantum Evolution pelo ICI Integrated Coaching Institute – Credenciado pelo ICF International Coach Federation, Treinamento & Desenvolvimento (ABTD), Master Avatar-Cursos Internacionais Avatar®, Certificação de Consultora DISC ETALENT, Programação Neurolinguistica (INAp).