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Quando a raposa toma conta do galinheiro

Posted: 17 de abril de 2012 às 5:24 pm   /   by   /   comments (0)

por Nelson Fukuyama*

Com tantas notícias de escândalos nacionais e internacionais divulgados pela mídia é possível que você passe a desacreditar, ou pelo menos olhar com certa desconfiança, da ética e moralidade de todos, instituições, políticos, empresários e profissionais.

Além de achar que tanto escândalo é coisa inventada pela mídia, alguém menos informado poderia perguntar: mas porque tanta coisa acontece? Será que não existe alguém que controle o que eles fazem? Até quando a gente vai ter que conviver com esse tipo de irregularidade?

No entanto, quem vive o dia a dia dentro de uma organização, qualquer que seja o seu porte e origem, nacional ou internacional, sabe que existem normas, regulamentos, procedimentos de toda forma. Existem os diversos níveis diretos de comando que é o papel da direção da empresa, do conselho de administração, do conselho fiscal, e ainda dos comitês de auditoria e compliance, fora os comandos indiretos, que são os órgãos reguladores da atividade.

Então, e ao contrário do que muita gente pensa, erros acontecem não é por falta de normas e controles. Assim, se ocorreu um desvio de verba, por exemplo, em determinada organização, a apuração do fato pode mostrar que se isso aconteceu não foi por que não havia um sistema que definisse funções e responsabilidades dos funcionários. Ao contrário, havia sim um sistema de controle interno que definia claramente o papel, função e responsabilidades de cada um. Então, porque o erro aconteceu?

Bem, eu tenho a minha opinião. A minha experiência profissional em auditoria, externa e interna, e como executivo de administração e finanças, me fez entender muito claramente que os maus feitos, os erros e as falcatruas podem ocorrer dentro de qualquer tipo de organização, com colaboradores de todos os níveis, incluindo aqueles considerados acima de qualquer suspeita.

Infelizmente, uma primeira explicação para a existência de tantos escândalos pode estar postura de muitos profissionais que costumam, até mesmo por ingenuidade, pensar, dizer e agir levando em consideração que “leis e normas existem para serem quebradas”,”para que controle?”,”mais controle”, “quanto maior a bagunça melhor”. Definitivamente esses profissionais colaboram, ingenuamente como disse antes, para que os caos se instale e se multiplique dentro das organizações. Me faz lembrar de um presidente que instalou uma secretaria de controle interno a qual foi aos poucos sendo desativada nos governos seguintes.

Uma segunda explicação pode estar também na postura de profissionais. Só que numa postura premeditada, que é de criar um sistema para burlar as regras, normas e procedimentos. Esses conhecem as normas e sabem como podem burlar essas normas. Daí, se fizerem assim ou assim poderão ficar mais tranquilos e atingirem os seus objetivos. O risco maior para as organizações pode acontecer se um desses profissionais for colocado em um cargo de confiança, e pior, de comando. Daí a porta estará escancarada para que erros, entenda-se falcatruas, de todos os tipos possam ocorrer.

Aí acontece o que certamente você já deve ter ouvido “não há forma de impedir o conluio”, ou seja, colaborador de uma empresa pode agir com mais tranquilidade porque conta com a ajuda, a famosa “mãozinha” de um outro colega, dentro ou fora da organização. Portanto, é importante que ele coloque pessoas de sua confiança em cargos chaves ou tenha bom relacionamento com pessoas que possam “ajudá-lo” a conseguir o que deseja.

Agora chegamos ao ponto, a bagunça está no comando, agora a raposa toma conta do galinheiro, que é o título dessa matéria.

Como evitar que isso aconteça? As organizações já têm tomado medidas para evitar situações que permitam desvios. Muitas proíbem contratação de parentes, recebimento de presentes e doações e outras ações. Além da ação preventiva de órgãos internos e externos, como auditoria e comitês e reguladores, é preciso que haja a conscientização dos seus colaboradores.

Talvez as organizações devam apelar para argumentos simples, como aquelas que se aprendem na infância, como “você não tem vergonha, não?, “que coisa mais feia roubar”, “não mexa nas coisas dos outros”, “não deseje as coisas alheias”. Talvez devam agir mais rigidamente implementando castigos como os que são utilizados em certos países em que os acusados de roubo têm as mãos cortadas ou condenados a muitos anos de prisão.

Claro que esse tipo de punição não irá acontecer por aqui, até porque alguém faria tudo para impedir. Argumentos seriam criados para dizer que um profissional não poderia ser punido pois não há provas concretas, e, no máximo, ele iria responder o processo em liberdade e poderia continuar a exercer as suas atividades normalmente. E possivelmente poderia ser até promovido dentro da organização.</p>

 

<p><em>* Nelson Fukuyama é Editor Chefe do portal DicasProfissionais e Diretor da Yama Educacional. Todas as suas matérias refletem as suas experiências profissionais presenciadas durante anos como consultor e executivo de empresas nacionais e multinacionais.</em></p>

 

<p><em>A reprodução total ou parcial é autorizada desde que citada a autoria e o portal Dicas Profissionais (</em><a href=”http://www.dicasprofissionais.com.br”><em>www.dicasprofissionais.com.br</em></a><em>).</em></p>

 

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