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Quando um profissional se torna realmente independente?

Posted: 26 de março de 2012 às 7:22 pm   /   by   /   comments (0)

por Nelson Fukuyama*

Tem muitos profissionais deixando as empresas em que trabalham e até as próprias profissões para se tornarem independentes. Parece que virou moda deixar seus empregos para se tornar autônomo.

Os motivos para essa decisão podem ser vários. Muitos desses podem, por exemplo, terem sido demitidos de suas empresas e com algum dinheiro extra no bolso, acham que está na hora de uma mudança de rumo, investindo em algum negócio que acham que já conhecem e dão início a uma nova etapa em suas vidas. Outros, por estarem se sentindo insatisfeitos com o seu trabalho e empresas, decidem pedir demissão e acreditam encontrar alguma forma de mudar de vida.

Na verdade, se você perguntar para eles a razão de decidirem mudar de vida, vai ouvir em resposta, da grande maioria, que querem deixar de ser empregados, de serem mandados, de terem chefes, de seguir horários de trabalhos, de ganhar uma "mixaria" e assim, querem ter sua própria vida, tendo seu próprio negócio.

É claro que nem todos têm a mesma sorte nos seus empreendimentos. Quem tem recursos pode ter sucesso permanente ou pode por mais tempo dar um impulso em sua nova vida. Outros só vão perceber os sinais de mudança quando a situação começar a se complicar, quando "o calo começar a doer" como costumamos dizer.

Especialmente para esses últimos, quando resolvem tomar essa decisão de mudar de vida, parecem que se esquecem de considerar que grande parte do sucesso que tiveram em suas carreiras se deve à estrutura que as empresas em que trabalham lhes disponibilizam. Uma empresa lhe proporciona toda a estrutura de máquinas e equipamentos necessários para que eles possam produzir. Ela lhes dá recursos em estrutura administrativa, pessoas e equipamentos para complementar sua atividade diária. Ela lhes proporciona recursos em divulgação de sua marca para o público alvo. Além, claro, ela lhes paga o salário todo mês, além de benefícios indiretos como vale alimentação, vale transporte ou assistência médica.

Nem todos imaginam como é difícil atingir a tal "independência". Para decidir ser empresário em qualquer ramo, seja indústria, comércio ou serviços, é preciso ter uma estrutura, por menor que seja, a partir da constituição da empresa. É preciso começar a produzir desde o momento zero, com a devida cautela, competência e com a condição de ter que sobreviver meses sem contar com ingresso de qualquer receita de venda. Assim, será necessário bancar vários tipos de desembolsos e despesas especialmente as imprevistas. Nada de imprevistos.

Esses devem sempre se lembrar da questão de horário, pois ser empresário/autônomo exige maior envolvimento e dedicação no trabalho. Agora é hora de se mostrar e para isso terá que trabalhar mais do que antes para poder ter sucesso no empreendimento.

Quanto a não ter mais chefe ou alguém dando ordens, é preciso pensar que cada novo cliente é um chefe dando ordens, isto é, ele precisa atender a todos em qualquer horário, em todos os seus pedidos, para ser bem aceito e continuar a ser fornecedor de seus produtos ou serviços.

Quanto a ter recursos financeiros para qualquer investimento, o novo empreendedor terá que se acostumar a enfrentar eventualmente os gerentes de bancos, que agora não serão tão generosos em oferecer linhas de crédito; ser um bom negociador com seus fornecedores e clientes quando esses lhe derem algum calote em seus pagamentos; negociar com seus colaboradores/funcionários, quando tiver que atrasar seus salários por alguns dias.

Quando, ao final das contas, literalmente, for verificar o seu saldo bancário, vai constatar que sua conta bancária não está mais aquela maravilha que costumava estar quando trabalhava para alguma empresa.

Daí sim vai perceber o quanto é difícil investir em uma nova carreira e vai entender que por mais que se esforce nunca deixará de ser totalmente dependente de outras pessoas e situações.

Para os bons empreendedores, nada de voltar atrás, de desistir, nada de sentir saudades dos bons tempos de escravidão. É avaliar onde as coisas não estão funcionando bem e seguir em frente.

* Nelson Fukuyama é Editor Chefe do portal DicasProfissionais e Diretor da Yama Educacional. Todas as suas matérias refletem as suas experiências profissionais presenciadas durante anos como consultor e executivo de empresas nacionais e multinacionais.

A reprodução desta matéria é autorizada desde que citado o autor e o Portal DicasProfissionais www.dicasprofissionais.com.br