Newsletter subscribe



Artigos

Recebi uma contraproposta. E agora?

Posted: 19 de setembro de 2012 às 9:51 pm   /   by   /   comments (0)

 

Fernando Mantovani*

Depois de quatro anos atuando como gerente financeiro você decide mudar de emprego. Os motivos que sustentam esta decisão são a falta de tempo para cuidar da vida pessoal, o relacionamento tenso com seu chefe direto e aquele esperado aumento de salário que não saiu do papel. Depois de enviar alguns currículos, surgem as primeiras oportunidades de entrevistas. Após quatro semanas, um dos processos já está na fase final e chega o momento de conhecer o possível futuro chefe. Tudo correu bem, você se sentiu estimulado pelas atividades propostas, conseguirá equilibrar melhor sua vida pessoal e trabalho e o salário será 20% mais alto do que o que você recebe hoje. Eis que surge o momento de conversar com o atual chefe e sinalizar sua saída da empresa. O que seria uma mera formalidade, pode se tornar em um dos pontos mais críticos de um processo seletivo. Nessa ocasião, os bons profissionais costumam receber uma contraproposta, com possibilidade de aumento de salário e até mesmo um novo cargo. E o que pode parecer atraente, vai se tornar, em curto e médio prazo, um obstáculo ao seu plano de carreira naquela empresa.

É importante lembrar que alguns chefes não estão dispostos a “perdoar” o fato de que você pensou em aceitar uma oferta de outra empresa. Ao procurá-lo para pedir demissão, você evidenciou que estava à disposição do mercado de trabalho, e isso pode gerar dúvidas em relação ao seu comprometimento. Se a empresa passar por um momento de incertezas, o seu nome poderia ser cogitado no caso de eventuais demissões. E o contrário também é valido. Se houver uma oportunidade no futuro de mandar um colaborador fazer um treinamento ou participar de uma convenção no exterior, sua presença também poderá ser questionada. Além disso, estudos realizados pela Robert Half mostram que funcionários que aceitam uma contraproposta costumam sair, voluntariamente ou não, depois de um ano, uma vez que as razões que o levaram a procurar um novo emprego ainda persistirão. O aumento de salário pode ter sido um paliativo para a situação, mas aqueles outros problemas, como o relacionamento tenso com o chefe e a falta de tempo para a vida pessoal, provavelmente vão continuar.

As contrapropostas também costumam afetar a reputação profissional, tanto com o empregador atual quanto com o potencial. A empresa que o entrevistou pode questionar o porquê de você ter procurado um novo emprego. Além disso, o seu atual chefe pode achar que a busca por uma nova oportunidade foi uma carta usada para negociar salário e conseguir uma promoção. Por isso, a decisão de mudar de emprego deve ser muito madura. Junto dela, vem a disposição em encarar um novo desafio, relacionar-se com pessoas diferentes, mudar seu ambiente de trabalho e o seu estilo de vida. Desta forma, a procura por uma nova oportunidade de trabalho deve ser iniciada quando o profissional realmente quer encarar esta mudança. Este sim é o momento de procurar a orientação de um headhunter, que o ajudará a encontrar as oportunidades mais adequadas ao seu perfil.

Mesmo diante de todo este cenário, se a sua decisão for permanecer em seu atual empregador, esteja preparado para uma possível mudança no relacionamento com os colegas de trabalho. Quando empresas fazem contrapropostas, isso pode criar mágoas entre funcionários que acreditavam merecer mais a promoção, até por uma fidelidade que, aos olhos deles, você não teve. Portanto, a recomendação é sempre considerar qual seria sua resposta a uma contraproposta antes mesmo que ela seja feita. Então, se você recebe uma contraproposta de fato, o que é melhor? Cada profissional deve tomar a decisão que acredita ser a melhor para sua vida, mas, na minha avaliação, dizer não a uma contraproposta é a melhor saída.

*Fernando Mantovani é Branch Manager da Robert Half São Paulo