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Saber interpretar é importante para sua carreira

Posted: 26 de abril de 2012 às 7:25 pm   /   by   /   comments (0)

por Sílvio Celestino*

Conheci um gerente que se questionava, já próximo aos 40 anos, por que não conseguia chegar ao cargo de diretor. Afinal, era considerado competente, sincero, falava o que pensava e, como consequência, todos gostavam dele. Inclusive os diretores. Entretanto, para ele era um mistério observar que até mesmo antigos subordinados seus já haviam chegado à diretoria e ele não. Livros, workshops sobre liderança, cursos… Parecia que nada o havia feito aprender o que precisava para ser promovido. Um desafio angustiante e obscuro.

Não é incomum vermos profissionais que não conseguem galgar postos maiores por motivos comportamentais. Principalmente, por sua forma de se expressar e a incapacidade de dominar suas emoções. Quando criança, um indivíduo não tem consciência de como se expressa e o quanto isso interfere na sua vida. Entretanto, como adulto, terá muitos problemas na carreira e na vida pessoal se tiver um desejo incontrolável de ser “ele mesmo” e dizer o que pensa de qualquer modo.

O mundo não é desenhado para compreender e aceitar qualquer comportamento ou expressão de uma pessoa, mas feito por regras que, quando quebradas, geram consequências. Elas existem para se permitir o convívio, não para inibi-lo. Entretanto, nem todas são escritas ou faladas diretamente. O profissional maduro deve ser capaz de observá-las – e muitas delas estão nas entrelinhas. Uma pessoa imatura jamais saberá interpretá-las. Ela irá querer clareza em um mundo que é complexo por natureza: o mundo das relações humanas. E as empresas são feitas de seres humanos.

Portanto, é prudente refletir sobre a seguinte questão: você tem tanta necessidade assim de ser você mesmo? Qual o valor de ser você mesmo se, ao fazê-lo, não produz a vida que deseja? Na natureza, os indivíduos que sobrevivem são os mais adaptáveis de sua espécie. E a vida adulta requer adaptação. O profissional que deseja transpor postos maiores deve saber se expressar. Entender o que falar e o que não falar. Saber o momento e a forma apropriada de transmitir uma mensagem. A maturidade requer responsabilidade e temos falta de pessoas que queiram, de fato, subir, se responsabilizar por outras e pelos resultados. Afinal, ser líder não pode ser visto como um esquema para se ganhar mais dinheiro e status.

Entretanto, para aqueles que desejam chegar lá, o desafio é saber ler a cultura da empresa em que trabalham, principalmente nas entrelinhas, e quais comportamentos são incentivados por mensagens faladas e “não faladas”, especialmente pelos líderes da empresa. Assim, se o gerente mencionado no início desta reflexão deseja de fato ser um diretor, deve pensar em se vestir, falar e se comportar como um desde já. O bom ator interpreta um personagem com maestria, usa suas emoções a serviço desse papel, que de forma relevante auxilia a contar a história da peça ou do filme. A pessoa deve pensar sobre qual cargo deseja e interpretar bem a função que o levará a alcançar sua escolha. Não há nenhuma regra que estabeleça que alguém somente pode falar, se vestir e se comportar como um diretor quando for um. Ela pode começar a praticar desde já.

Assim como os bons atores estudam seus papéis, treinam e possuem coaches para se aprimorarem, o bom profissional deve fazer o mesmo. Não adianta possuir um intelecto privilegiado, se não for capaz de dominar suas emoções, suas falas e seu comportamento. Ao exercitar esse domínio e ter consciência da vida que deseja ele terá mais condições de se adaptar à cultura da empresa, se desenvolver e ser percebido como um candidato a cargos mais elevados. Afinal, a seguinte orientação, apesar de antiga, vale com muita propriedade para os dias atuais: envelhecer é obrigatório, mas maturidade é opcional. Vamos em frente!

Para me seguir no Twitter: @silviocelestino

* Silvio Celestino é sócio fundador da Alliance Coaching Treinamento para Líderes e Coaching. Foi Vice-Presidente do Chapter São Paulo da Federação Internacional de Coaches. É Senior Partner da Alliance Coaching. Possui formação e experiência Internacional em Coaching. Foi executivo senior de empresas nacionais e multinacionais na área de Tecnologia da Informação. Autor dos livros: “Conversa de Elevador – uma fórmula de sucesso para sua carreira” e “Diversity in coaching – working with age, gender, culture and race”. Colunista sobre carreira e profissões no Jornal O Globo. Veja outros artigos em www.oglobo.com.br/blogs/elevador