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Santo de casa não faz milagre!

Posted: 5 de outubro de 2011 às 7:25 pm   /   by   /   comments (0)

 

* por Reinaldo do Carmo de Souza

Sempre que uma empresa contrata alguém “de fora” para preencher um cargo de importância ao invés de promover alguém “de casa”, surgem comentários de insatisfação, ressentimentos e o desabafo de que “santo de casa não faz milagres”. Será que a empresa tomou a decisão certa ou os de casa têm reais motivos para a frustração? Acreditamos que a questão deve ser vista sob dois ângulos.

Toda organização só tem a ganhar quando pode promover um elemento “da casa” para um posto importante. Em primeiro lugar, porque está operacionalizando um plano de carreira e isso gera motivação no pessoal pelas perspectivas que são abertas para os demais, com tal política. Em segundo lugar, porque o elemento promovido, sendo “da casa”, já terá, amplo conhecimento da equipe, do produto, dos problemas existentes e, sobretudo, da cultura local. Todos esses aspectos são altamente vantajosos.

A única possível desvantagem é frustrar outros pretendentes internos ao cargo e, com isso, provocar eventuais áreas de resistência e até a perda daqueles que se sentiram preteridos. Os prós e os contras de uma decisão dessa natureza devem ser previamente pesados de maneira que a opção final seja de tal acerto que justifique e compense as consequências negativas. Vemos, portanto, que o aproveitamento interno é sempre de grande interesse para a empresa e se ela não o pratica em determinados casos é porque devem existir boas razões para isso.

Apreciamos agora, a questão do ponto de vista do funcionário: ele tem muito tempo de casa e é muito dedicado à empresa. Por que não foi ele o promovido? O óbvio continua sendo óbvio, apesar de muitos não perceberem: antiguidade não é posto, pelo menos na empresa privada.

Nenhum plano de carreira realista leva em conta apenas o tempo de serviço para recomendar promoções. Aliado a outros aspectos, esse é, sem dúvida, um fator importante no perfil do candidato, mas nunca deverá ter o caráter decisório. Podemos fazer uma analogia de importância do tempo de serviço com a própria experiência de vida. Não é a idade que necessariamente outorga experiência e sabedoria ao indivíduo. Isso vai depender de como ele tenha absorvido e interiorizado as lições de vida.

Podemos trabalhar décadas numa empresa e aprender muito pouco, sem um crescimento proporcional, desde que mantenhamos um comportamento passivo, apático e sem ambições. Nenhum colaborador do mais ao menos graduado na escala hierárquica tem o direito de se manter alienado ao negócio da empresa e que serve. Se o fizer, será preterido tantas vezes quantas vagas surgirem.

Em toda essa questão, empresa e empregado têm parcelas de responsabilidades. Cabe à empresa desenvolver a excelência e a competitividade dos seus profissionais, através de treinamentos específicos, programas de atualização e aperfeiçoamento, e, sobretudo, constante realimentação sobre o desempenho de cada um.

Ao funcionário cabe uma auto-avaliação sincera e sob a ótica estritamente profissional como tem sido seu desempenho? Tem atingido os resultados esperados pela empresa? Tem exercido efetiva liderança sobre a equipe ou tem-se mantido alheio a ela? Suas comunicações e relações interpessoais são produtivas ou têm sido geradoras de atritos? Lêem jornais, livros, revistas e participa de palestras e cursos ou não tem tempo para isso? Tem bons conhecimentos sobre o negócio da empresa e mantém-se atualizado a respeito? Está familiarizado com as interfaces interdepartamentais? E, finalmente, está disponível ou não pode deixar o seu posto porque ainda não preparou um sucessor?

* Reinaldo do Carmo de Souza é professor no Programa de Expansão Universitária – PEU da Universidade de Cuiabá.